A grande maioria dos brasileiros (72,8%) acredita que a religião não deve influenciar as políticas adotadas pelo governo, segundo levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas em abril exclusivo para VEJA. Apenas 22,1% afirmam que deveria haver influência religiosa no Estado e 5,1% não souberam ou não quiseram opinar.
Os maiores percentuais entre aqueles que são contra interferência da religião em questões do estado foram registrados entre aqueles que têm ensino superior (75,8%), moradores do Sul (75,5%) e Sudeste (75,4%) e mulheres (74,2%).
Já a maior adesão à tese de que a religião pode, sim, influenciar políticas de governo foram detectadas entre os residentes nas regiões Nordeste (25,7%) e Centro-Oeste (25,7%), entre quem tem ensino fundamental (25,6%) e entre os homens (23,4%).
Uma das críticas que se fazem ao presidente Jair Bolsonaro é ao excessivo peso que a religião tem adotado em questões de estado, sendo que a principal delas é o fato de ele ter dito que vai indicar para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – na vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposenta em julho deste no – um nome “terrivelmente evangélico”.
A utilização da religião como critério também não encontra respaldo na opinião pública, segundo a mesma pesquisa: apenas 23,9% apoiam essa tese, enquanto 40,7% discordam e 28% se dizem indiferentes.
As maiores discordâncias foram registradas entre os jovens de 16 a 24 anos (44,7%), mulheres (44,5%) e moradores do Nordeste (43,2%). Já as maiores concordâncias estão entre os homens (28%), moradores do Norte e Centro-Oeste (27,5%) e quem tem o ensino fundamental (26,2%).
Na edição desta semana, VEJA publicou reportagem que mostra que, com base nesse critério religioso, os favoritos para a vaga são o advogado-geral da União, André Mendonça, que é pastor da Igreja Prebisteriana, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, que é adventista – leia a reportagem aqui.