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Os gastos de Zeca Dirceu com empresa cujos donos são investigados

Novo líder do PT na Câmara contratou empresa ligada a família acusada de participar de esquema de corrupção no programa Minha Casa Minha Vida

Por Ricardo Chapola
4 fev 2023, 19h01

Filho do ex-ministro José Dirceu, o novo líder do PT na Câmara, o deputado federal, Zeca Dirceu (PT-PR), usou recursos públicos para contratar uma empresa que pertence a uma família já investigada por participar de um esquema de corrupção no programa Minha Casa Minha Vida no Distrito Federal durante a gestão de Agnelo Queiroz (PT).

Trata-se da Essência Engenharia e Serviços, contratada pelo parlamentar em duas frentes: na campanha eleitoral de 2022 e pelo seu gabinete na Câmara. No total, o deputado gastou R$ 36,9 mil. Nas notas emitidas pela empresa e disponíveis no site da Câmara, a Essência declara ter prestado serviços de comunicação e de análise de redes sociais para o gabinete de Zeca Dirceu. À Justiça Eleitoral, o deputado informou que contratou a empresa para fazer impulsionamento de conteúdo.

Segundo informações da Receita Federal, a lista de atividades desempenhadas pela Essência Engenharia é ampla e variada. Vai desde construir prédios, a prestar consultoria em tecnologia de informação e treinamento profissional. Durante as eleições de 2022, a empresa também foi contratada por outras campanhas: todas do PT. Só no período eleitoral, a companhia faturou R$ 388,2 mil.

Boa parte desse valor a Essência recebeu da campanha de Rosilene Corrêa Lima ao Senado. Foram R$ 216 mil. Quem também contratou os serviços dessa empresa foram as campanhas de Erika Kakay, Roberto Policarpo e Vanessa Negrini a deputado federal.

A Essência Engenharia pertence a Rafael Carlos de Oliveira, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab) do Distrito Federal. Em 2016, quando Oliveira chefiava o órgão, sua família foi investigada pela polícia sob suspeita de participar de uma rede fraudulenta movida à propina que direcionava terrenos do programa Minha Casa Minha Vida na região de Riacho Fundo. Nessa época, o então secretário de Habitação do DF, Geraldo Magela (PT), também foi investigado. Hoje, Magela é vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, banco que historicamente administra o Minha Casa Minha Vida.

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O pai de Rafael, Carlos Roberto, e a irmã dele, Daniela Kely, seriam os supostos chefes do esquema milionário de venda irregular de terras na região.

Além de empresário, Rafael ainda desempenha outras funções. Em seu perfil no LinkedIn, diz ter atuado no governo de transição de Lula por dois meses no ano passado. Ocupou o cargo de coordenador-executivo e relator do grupo técnico de Cidades. Antes de virar dono da Essência Engenharia, Rafael trabalhou como secretário-executivo adjunto do Ministério de Desenvolvimento Agrário na gestão de Patrus Ananias e também foi assessor do Ministério da Justiça e do Ministério da Educação durante o primeiro e segundo mandatos de Lula na Presidência.

Em nota, a assessoria de imprensa do deputado repudiou o que chama de tentativa de distorcer a realidade. Para o parlamentar, o motivo seria “esconder” que a empresa é habilitada para prestar serviços de tecnologia e treinamento.

“As contratações realizadas durante o mandato e no período da campanha eleitoral cumpriram todos os princípios da legalidade e foram atestadas e aprovadas, tanto pela Câmara dos Deputados como pelo TSE”, diz a nota.

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Zeca Dirceu também nega qualquer ligação com o dono da Essência e considerou “absurdo impor que o deputado conheça a família do empresário ou mesmo seu passado junto a outras esferas públicas”. O parlamentar comunicou ainda ter contratado a empresa para a prestação de serviços de tecnologia e treinamento.

VEJA também procurou o dono da Essência Engenharia e Serviços, Rafael Carlos de Oliveira. Questionado sobre sua empresa atender apenas políticos do PT, ele afirmou que a prestação de serviços a parlamentares corresponde apenas a 5% do faturamento da companhia.

Oliveira negou ter qualquer ligação dele e da família com Zeca Dirceu e admitiu ser filiado ao PT-DF.

“Somos uma empresa especializada em modelagem, arquitetura, desenvolvimento e implantação de projetos “on demand”, nas áreas de Tecnologia da Informação, Comunicação e Tecnologia Social, ou seja, engenharia de software, engenharia de dados (BigData) e engenharia social. Deste modo, quando necessário,também realizamos a construção ou readequação de infraestruturas físicas, visando a instalação de equipamentos”, afirmou em nota.

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