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Operação contra empresários quase impediu reunião entre Moraes e Defesa

Aliados sugeriram que Bolsonaro determinasse o cancelamento do encontro entre Paulo Nogueira e o ministro do STF marcado para tratar sobre urnas eletrônicas

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 ago 2022, 18h32

Expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última terça-feira, 24, a operação contra um grupo de oito empresários bolsonaristas quase respingou em um encontro, previamente agendado para aquele mesmo dia, entre Moraes e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

Nas primeiras horas de terça, uma operação de busca e apreensão deflagrada pela Polícia Federal apreendeu itens como computadores e tablets e determinou a quebra de sigilos de empresários que trocavam mensagens através de um aplicativo, supostamente defendendo um golpe diante da possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer as eleições de outubro.

As mensagens que provocaram a decisão de Alexandre de Moraes, reveladas pelo site Metrópoles, foram postadas num grupo de WhatsApp do qual fazem parte expoentes do bolsonarismo, como Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, o empreiteiro Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, o dono do grupo Coco Bambu, Afrânio Barreira, o proprietário do shopping Barra World, José Koury, além de empresários como Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, Marco Aurélio Raymundo, das lojas Mormaii, e José Isaac Peres, da Multiplan.

A ação foi recebida por aliados do presidente, que já protagonizou diversos embates com o ministro da Suprema Corte e também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como mais uma investida de Moraes contra Jair Bolsonaro (PL). Em meio a um cenário de conspirações, o presidente foi incitado a reagir – e um dos caminhos seria determinando o cancelamento da ida de Nogueira ao encontro de Moraes, marcado para acontecer na sede do TSE.

A reunião tinha como objetivo discutir, mais uma vez, a integridade das urnas eletrônicas. O Ministério da Defesa cobra uma série de providências relacionadas ao equipamento, enquanto a Corte Eleitoral, que jamais encontrou qualquer indício de fraude, garante que o sistema é seguro.

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Aliados do presidente repetiram que a deflagração da operação horas antes do encontro era uma sinalização de que Moraes não é confiável e de que não seria possível estabelecer nenhum tipo de acordo com o presidente do TSE.

Após ouvir os conselhos, Bolsonaro decidiu que – dessa vez – não iria reagir contra Moraes nem interferir no encontro, que aconteceu tranquilamente e em um clima até de cordialidade. Não houve, porém, nenhuma definição se Moraes vai acatar ou não outras propostas das Forças Armadas sobre o voto eletrônico.

Conforme mostrou reportagem desta edição de VEJA, a controversa operação autorizada por Moraes reacendeu as tensões entre o governo e o STF e gerou também a solidariedade de uma ala do setor empresarial brasileiro. Horas após o início da operação, Bolsonaro teve um almoço com um time de empresários do Grupo Esfera, em São Paulo. À mesa, a ação de Alexandre de Moraes foi remoída pelos donos do dinheiro, gerou cobranças para que o presidente voltasse a girar a sua metralhadora contra o ministro e chegou até a ser comparada com a Operação Lava-Jato, que levou à cadeia poderosos empresários brasileiros.

A avaliação foi a de que ação deixa dois efeitos colaterais diretos ao presidente: o de inibir que doadores em potencial vindos do patronato despejassem recursos na campanha à reeleição e ainda constranger eventuais pedidos de votos a Bolsonaro em grupos ou redes sociais. “É a Lava-Jato começando, e só trocaram o nome de Moro pelo de Moraes. Ele vai vasculhar o telefone de todos, monitorar tudo, para acabar com os empresários”, disse um dos presentes. Os relatos de revolta só foram interrompidos quando o criador do Esfera, João Camargo, pediu um ato de desagravo e uma salva de palmas para o empresário José Isaac Peres, um dos alvos da ação.

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Acostumado a reagir de maneira explosiva em situações como essa, Bolsonaro evitou novos ataques. Aos empresários, disse que não iria se envolver dessa vez porque enfrenta esse embate desde o início do governo, e sugeriu que a resposta viesse deles.

Na avaliação de aliados do presidente, se de fato nada for encontrado contra os alvos da operação, a investida de Moraes pode representar uma virada de mesa para Bolsonaro e até uma ajuda para a campanha. Isso porque, se antes o presidente era endossado apenas por seus apoiadores mais destemperados nas críticas ao ministro do Supremo, ele agora passou a ser ao menos melhor compreendido por uma fileira de endinheirados.

“O Bolsonaro vai juntar os empresários com eles. São pessoas que doam para todos, têm relação com petistas e outros candidatos, e que também passam a ter medo”, disse um ministro, que preferiu ver o copo meio cheio com a operação.

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