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O discurso de Zanin que é música para a classe política

Debacle da Lava-Jato e abusos da operação policial são a tônica de Zanin em peregrinação por gabinetes de senadores

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jun 2023, 14h13 - Publicado em 19 jun 2023, 12h57
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  • Às vésperas de ser sabatinado para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Cristiano Zanin aproximou-se de parlamentares de diferentes espectros ideológicos com um discurso caro à classe política e que soa como música para os ouvidos de congressistas que, no auge da Lava-Jato, viram a justiça em seus calcanhares. Indicado pelo presidente Lula para o posto, Zanin tem afirmado a diferentes integrantes do Senado que não é possível usar a justiça como método de perseguição “a quem quer que seja” e ressalta diferentes abusos que considera terem sido cometidos pela Lava-Jato tanto com investigados políticos quanto com empresas cuja saúde financeira degringolou após a operação policial.

    Conforme mostrou VEJA, entre os desvios investigativos criticados por Zanin está a celebração de acordos de delação premiada com acusados presos e a busca de enredos de delação contra “inimigos definidos”. No currículo entregue aos senadores a quem tem visitado em busca de apoio para a aprovação de seu nome ao Supremo, por exemplo, não à toa o advogado privado de Lula dedica espaço especial ao lawfare, prática que usa táticas jurídicas para perseguir e condenar adversários predeterminados e que, em sua avaliação, tem o presidente da República como a vítima mais célebre no país.

    Com os métodos de investigação do petrolão em xeque desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações impostas a Lula e declarou que o ex-juiz e atual senador Sergio Moro atuou com parcialidade ao julgar casos relacionados ao petista, a pauta antilavajatista tem ampla capilaridade no Congresso. Interlocutores de Zanin contabilizam que ele terá mais votos que os 49 conquistados pelo atual presidente do Senado Rodrigo Pacheco, reeleito para o comando da Casa no início do ano, e que o “lado pragmático” dos senadores de não se indispor com um virtual futuro ministro do STF levará a poucos percalços ao longo da sabatina na CCJ, agendada para a quarta-feira, 21.

    Entre os poucos antagonistas de Zanin no Senado está o próprio Moro, personagem com o qual o advogado travou discussões acaloradas ao logo da Lava-Jato e que é voto certo contra a ascensão do advogado ao Supremo. Ele precisa de no mínimo 41 votos dos 81 senadores para ser confirmado à Suprema Corte.

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