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‘O dinheiro chegava em malotes’, diz ex-mulher de líder do Centrão

'O patrimônio que ele oculta supera os 40 milhões de reais. Tem muita coisa em nome de laranjas', afirma Jullyene Lins, em entrevista a VEJA

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h57 - Publicado em 6 dez 2019, 06h00
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  • Em entrevista a VEJA, Jullyene Lins conta que durante o período em que foi casada com o deputado Arthur Lira o casal reuniu um enorme patrimônio — fazendas, apartamentos e terrenos que, segundo ela, estão registrados em nome de laranjas e foram adquiridos com dinheiro oriundo de propina.

    Por que a senhora está fazendo essas denúncias? Ele deve 600 000 reais de pensão. Movo um processo de partilha de bens que já dura mais de doze anos. O patrimônio que ele oculta supera os 40 milhões de reais. Tem muita coisa em nome de laranjas.

    O deputado declarou à Justiça eleitoral ser dono de um patrimônio de 1,7 milhão. Ele tem tanta coisa… Tem imóveis, tem fazendas. Eu mesma já fui laranja dele, numa fábrica de embalagens plásticas. Assinava os cheques e abria a conta no banco para ele fazer a movimentação. Quando me separei, eu tenho uma relação de próprio punho que ele fez. Eram 11,5 milhões de reais em bens em 2007. Depois disso, ele já adquiriu mais bens — tudo em nome de laranjas.

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    A senhora tem como provar isso? Os laranjas são empresários, corretores, tem gente da família, a atual esposa dele, o pai, os amigos dele. Tirei as cópias dos originais dos recibos dos bens que ele comprou e colocou em nome de outras pessoas. Estão todos no processo. Mas ele manda e desmanda na Justiça daqui.

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    Como é que ele adquiriu esse patrimônio? Ele fez muitos rolos. Começou na Assembleia Legislativa. Nessa época, o dinheiro chegava lá em casa em malotes.

    De onde vem essa certeza? Eu contava, eu conferia, eu lacrava. Eu distribuía para vereadores quando era na campanha. Ele mandava: “Faça tantos envelopes de tanto, de tal valor”. Chegava malote com 30 000, 500  000 e até 1 milhão de reais. Notas de 50 e de 100.

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    A senhora não se importava em cumprir essa tarefa? Na época, eu não sabia do que se tratava. Ele dizia que tinha vendido uma fazenda, vendido gado. Eu não saía de casa, era um bibelô. Acreditava em tudo o que ele falava.

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    Esses pagamentos se estenderam por quanto tempo? Duraram vários anos, pelo menos de 2004 até 2007. Ele comprava imóveis, fazia aplicações financeiras e gostava de carros. Depois, no governo do PT, já como deputado federal, ele conseguia muitas verbas do Ministério da Saúde para Alagoas e ficava com uma porcentagem.

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    A fortuna do deputado, pelo que a senhora diz, foi construída a partir de propinas? Sim. Tudo começou com desvios na Assembleia Legislativa, passou pela Lava-Jato e não parou até hoje.

    Como assim? Eu sei que, no início do ano, depois que ele abriu mão de sua candidatura à presidência da Câmara, saiu comprando muita coisa, muita propriedade. Comprou barco, comprou gado. No mês passado, comprou várias matrizes — tudo em dinheiro vivo.

    Publicado em VEJA de 11 de dezembro de 2019, edição nº 2664

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