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Líder do Centrão é acusado pela ex-mulher de acumular fortuna com propina

No terceiro mandato consecutivo na Câmara, Arthur Lira (Progressistas) é cotado para substituir Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Casa

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 dez 2019, 10h43 - Publicado em 6 dez 2019, 06h00

O deputado Arthur Lira era soldado do chamado Centrão de Eduardo Cunha, aquele grupo suprapartidário especializado em negociar apoio ao governo em troca de cargos e emendas. No terceiro mandato consecutivo na Câmara, ocupa o cargo de líder do Progressistas e já figura entre os pré-­candidatos à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Casa. A eleição será em fevereiro de 2021. Até lá, Lira, além de garimpar votos dos colegas, terá de superar obstáculos na Justiça. O deputado é réu em dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF) — um por corrupção passiva, acusado de embolsar 106 000 reais em propina, e o outro por participação no chamado “quadrilhão do PP”, partido que tem o maior número de políticos investigados na Lava-Jato e foi rebatizado de Progressistas. Não bastassem essas pendências, Lira enfrenta denúncias em série de sua ex-mulher, que o acusa de ter um patrimônio oculto de pelo menos 40 milhões de reais, amealhado graças a desvio de recursos públicos.

Casada com Lira entre 1997 e 2007, Jullyene Lins disse a VEJA que o parlamentar começou a coletar propina quando era deputado estadual em Alagoas (veja a entrevista). Quando os dois ainda moravam juntos, no apartamento do casal Lira recebia remessas mensais de dinheiro em espécie, que iam de 500 000 a 1 milhão de reais. Em um dia ruim, a entrega era de 30 000 reais. “O dinheiro chegava lá em casa em malotes. Ele escondia lá (no apartamento), escondia nas fazendas, escondia em todo canto”, disse Jullyene. “Eu contava, eu conferia, eu lacrava. Eu distribuía para vereadores quando era na campanha. Ele mandava: ‘Faça tantos envelopes de tanto, de tal valor’.” Em 2018, Lira declarou à Justiça ter um patrimônio de 1,7 milhão de reais. Segundo sua ex-mulher, o montante é de 40 milhões de reais se forem considerados bens registrados em nome de terceiros. Por meio de laranjas, o deputado seria dono de criação de gado e de cavalos de raça, de empresas de factoring e de empreendimentos imobiliários. “Ele tem sete apartamentos num edifício em Maceió que na declaração do imposto de renda ele informa como terreno”, afirmou.

A denúncia de Jullyene não é desinteressada. Ela cobra na Justiça 600  000 reais em pensão para os dois filhos do casal. Para comprovar que o ex-marido mantém um patrimônio clandestino, juntou ao processo recibos de compra de fazendas, extratos bancários e informações sobre laranjas. “Quando me separei, eu tenho uma relação de próprio punho que ele fez. Eram 11,5 milhões de reais em bens em 2007”, diz Jullyene. Na eleição de 2006, Arthur Lira declarou um patrimônio total de apenas 695 000 reais. A VEJA, o deputado confirmou que escreveu de próprio punho a relação, mas ressalvou que nela há bens que não teriam sido comprados por ele. O papel teria um quê de sonho de consumo. A disputa sobre a pensão corre há mais de doze anos na Justiça alagoana. Diante do impasse, Jullyene resolveu contar a história a procuradores da Lava-Jato e chegou a prestar um depoimento formal à Polícia Federal. “Na Justiça daqui, ele manda e desmanda.”

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Egresso do baixo clero, Arthur Lira ganhou prestígio rapidamente entre os deputados, em especial ao marchar ao lado do então onipotente Eduar­do Cunha. Na legislatura passada, o deputado de Alagoas foi presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Na atual legislatura, trabalhou pela eleição de Rodrigo Maia (com quem se estranha frequentemente), diante da promessa de que o presidente da Câmara apoiaria um candidato do Progressistas quando de sua sucessão. Jullyene insinua, sem provas, que até esses acordos políticos contribuíram para o aumento patrimonial do ex-marido. Procurado, Lira disse que não tem patrimônio oculto e declarou que as acusações da ex-mulher não passam de uma tentativa de extorsão. “Ela é uma vigarista profissional querendo extorquir dinheiro, inventando histórias. Meu patrimônio é o que está declarado no TSE.” O fato é que o Brasil não seria o mesmo sem ex-mulheres, caseiros, motoristas…

Publicado em VEJA de 11 de dezembro de 2019, edição nº 2664

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