No lançamento de novo partido, Bolsonaro critica o PSL e ataca Witzel
Presidente diz que o Aliança pelo Brasil não será ‘um negócio’ para quem assumir postos de comando e afirma que governador fez de sua vida ‘um inferno’
O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira, 21, o PSL, seu antigo partido e pelo qual chegou à Presidência da República na eleição de 2018, e disse que a nova legenda que irá criar, a Aliança pelo Brasil, não terá dono nem gente que queira “fazer do partido um negócio para eles”. As declarações foram dadas durante a primeira Convenção Nacional do novo partido, no auditório do hotel Royal Tulip, em Brasília, cedido pelo empresário e ex-deputado federal Paulo Octávio.
Bolsonaro lembrou que está há 28 anos na política e nunca teve o controle de um diretório municipal sequer. Segundo ele, os interessados em fazer parte da nova legenda “não podem querer o comando no estado para negociar a legenda”. “Isso não vai acontecer”, afirmou. De acordo com ele, o comando dos diretórios não será entregue a quem chegar primeiro. “Vamos ver o que é importante para o futuro do país”, disse. O presidente afirmou que, assim que terminar a coleta de assinaturas para a nova legenda – são necessárias cerca de 500 mil -, a legenda vai se debruçar sobre a situação em cada estado.
O presidente disse, ainda, que, apesar de o PSL ter sido importante na sua vitória, problemas aparecerem depois da campanha presidencial. “As divisões surgiram depois da eleição. Alguns lamentavelmente passaram a achar que o partido era deles”, afirmou. A referência era principalmente ao presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar (PE) – a divergência entre ambos provocou um racha no partido.
Bolsonaro disse que se tivesse tomado a iniciativa de criar um partido já para a eleição de 2018, talvez o seu desempenho tivesse sido ainda melhor. “Teríamos feito cem parlamentares e ao menos um senador em cada estado”, afirmou. O PSL elegeu 52 deputados federais e quatro senadores na última eleição.
Witzel
Bolsonaro também desferiu duras críticas ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem acusou novamente de manipular as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018. O nome de Bolsonaro chegou a ser citado na investigação por um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente mora, como tendo sido a pessoa que autorizou a entrada no condomínio do ex-PM Élcio Queiroz, acusado de ser um dos autores do crime. Depois, o funcionário disse que mentiu no depoimento.
“A minha vida virou um inferno depois das eleições por causa desse Wilson Witzel”, disse, afirmando que o governador do Rio usou “parte da polícia” para relacioná-lo de alguma forma ao assassinato. “Se não fosse meu filho Flávio Bolsonaro, o governador Witzel não teria chegado ao cargo”, disse – ao fundo, a plateia gritava “traidor”.