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MPF pede que Moro reconheça que recibos de Lula são falsos

Força-tarefa apresentou alegações finais em processo que investiga aluguel de apartamento vizinho à residência do ex-presidente

Por Da Redação
Atualizado em 12 jan 2018, 16h55 - Publicado em 12 jan 2018, 12h52
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  • Em alegações finais ao juiz Sergio Moro, a força-tarefa da Operação Lava Jato pediu que sejam reconhecidos como “ideologicamente falsos” os recibos entregues pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comprovar aluguel do imóvel vizinho à sua residência em São Bernardo do Campo (SP).

    Lula é réu em ação penal que investiga duas supostas formas de pagamento de vantagens indevidas da empreiteira Odebrecht: a primeira é um terreno onde seria a sede do Instituto Lula, em São Paulo, no valor de 12 milhões de reais; a segunda é o aluguel de apartamento avaliado em 504.000 reais, vizinho à residência de Lula no ABC. A Lava Jato sustenta que o ex-presidente nunca pagou pelos imóveis até 2015 e abriu investigação sobre os comprovantes de aluguel entregues pelo petista.

    Segundo o MPF, Lula criou os documentos para dar “falso amparo” ao argumento de que o apartamento vizinho ao seu era alugado. “Documentos ideologicamente falsos não fazem prova de pagamento ou quitação. Ao contrário, a falsidade do recibo concorre francamente para confirmar os matizes criminosos dos atos que tentam, em vão, lastrear” conclui o órgão nas alegações finais.

    O engenheiro Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, é apontado como laranja do ex-presidente na aquisição do terreno e do apartamento. Lula apresentou os recibos de pagamento assinados por Costamarques em setembro deste ano. Parte do material tem os mesmos erros gramaticais e há datas nos documentos que não existem no calendário, como “31 de novembro”.

    Costamarques sustenta que, em dezembro de 2015, foi visitado pelo advogado de Lula, Roberto Teixeira, no Hospital Sírio- Libanês quando a ele foi prometido que o ex-presidente passaria a pagar pelo aluguel do apartamento. Segundo ele, um dia depois de receber o advogado de Lula, recebeu a visita do contador João Muniz, que levou todos os recibos para que os assinasse de uma só vez.

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    Registros do circuito de segurança do hospital mostram que Costamarques foi visitado três vezes pelo contador. No entanto, não consta a entrada de Roberto Teixeira. A força-tarefa ressalta que ele recebeu ligações de Teixeira em datas próximas do dia em que assinou os papéis. Costamarques afirma que os registros do hospital são falhos e reitera que foi visitado por Teixeira. Para a defesa de Lula, o engenheiro depôs sem compromisso com a verdade.

    Outro lado

    Por meio de nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, afirmou que o MPF abusa de seu direito de acusar e voltou a dizer que o ex-presidente é vítima do uso de “lawfare” – utilização de artifícios jurídicos como meio de perseguição e intimidação. “Ao invés de reconhecerem a improcedência da acusação, os procuradores passaram a colocar indevidamente sob suspeita a autenticidade dos recibos.”, disse.

    A defesa argumenta que o MPF insiste em desprezar as afirmações de que Glaucos reconhece ser o proprietário do imóvel, comprado com seus próprios recursos — e não de valores procedentes da Petrobras. “Ao agir dessa forma, o MPF revela que não tem critério na escolha das provas. Reconhece como idôneo somente aquilo que confronta a defesa de Lula”, diz a nota.

    (com Estadão Conteúdo)

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