O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai investigar uma possível fraude no processo realizado pela Liga das Escolas de Samba para escolher os jurados do Carnaval 2012 da capital paulista. O inquérito foi instaurado na última sexta-feira pelo promotor de Justiça Carlos Cardoso de Oliveira Junior, depois de uma representação noticiando irregularidades na seleção do júri.
A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social enviou um ofício à Liga das Escolas de Samba solicitando uma série de documentos, incluindo o edital com as regras do concurso. Pela assessoria de imprensa, a Liga informou que, até às 18 horas desta segunda-feira, não havia sido notificada sobre a investigação.
Inquérito Policial – O inquérito da Polícia Civil que apura o tumulto no dia da apuração do desfile, em 21 de fevereiro, deve ser encaminhado à Justiça nesta quarta-feira. Além das sete pessoas que já haviam sido indiciadas, mais dois dirigentes de agremiações foram incluídos no processo. Darci Silva, presidente da Vai-Vai, conhecido como Neguitão, e Edilson Casal, presidente da Pérola Negra, responderão por provocação de tumulto, informou o delegado Luís Fernando Saab.
Segundo o delegado, imagens e testemunhos comprovam que a atitude de Neguitão e Edilson acabou promovendo um “levante” com a participação de mais pessoas das comunidades ligadas às escolas de samba. “Eles empurraram o portão e se indignaram com as notas, numa atitude desproporcional ao local onde estavam”, afirmou o Saad. A pena é de 15 dias a 6 meses de detenção.
A investigação também concluiu que Tiago Ciro Tadeu Farias, que invadiu a área de apuração e rasgou os envelopes com as notas que faltavam ser lidas, chegou até a mesa da diretoria da Império de Casa Verde porque conhecia alguém da escola – e não porque comprou uma das pulseiras de identificação, como chegou a declarar. “Não havia possibilidade dele estar naquela mesa sendo um total desconhecido das pessoas que estavam ali”, afirmou Saab.
Acordo – No dia da confusão foram presos Tiago e Cauê Ferreira, da Gaviões da Fiel. Ambos disseram ter invadido a área porque perceberam que não seria cumprido um suposto acordo feito com a Liga das Escolas de Samba para que nenhuma agremiação fosse rebaixada neste ano.
A combinação seria para acalmar os ânimos das diretorias de algumas escolas, que não concordaram com as notas dadas por dois jurados substitutos, convocados às vésperas do desfile. A Liga nega a existência do acordo e diz que as escolas sabiam das substituições dos jurados. A polícia afirma que, nos depoimentos, a informação também não foi confirmada. A hipótese de que a invasão tivesse sido orquestrada também não chegou a ser totalmente comprovada, apesar da existência de indícios.
No total, nove pessoas foram indiciadas. Além de Tiago, Cauê, Neguitão e Edilson, responderão por supressão de documentos o diretor de carnaval da Camisa Verde e Branco, Alexandre Salomão, e um membro da mesma escola, Washington Alessandro de Campos, o Adão. Edinei Moraes Sarmento, Luciano Zacharias da Silva e Thiago Henrique do Nascimento, todos integrantges da torcida organizada da Gaviões da Fiel, foram indiciados pelo incêndio de um carro alegórico da Pérola Negra.