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Lula usou amizade com Emílio Odebrecht para tentar brecar CPI da Braskem

Comissão de inquérito tem potencial para desenterrar delações que citam propina a políticos e recolocar a Petrobras no noticiário policial

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jan 2024, 09h50 - Publicado em 27 jan 2024, 09h49

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva invocou a amizade que tem com o empreiteiro Emílio Odebrecht para tentar barrar, em dezembro passado, a instalação da CPI da Braskem. Em reunião com os principais políticos de Alagoas – o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) à frente – ele disse ter ouvido do próprio empresário apelos para que uma “pacificação” entre os dois caciques pudesse travar a comissão de inquérito. A CPI foi apresentada oficialmente como uma oportunidade para se apurar as circunstâncias do colapso provocado pela exploração de sal-gema pela petroquímica e analisar a legalidade do acordo de 1,7 bilhão de reais que a empresa fechou com a prefeitura de Maceió para reparar o desastre ambiental, mas, como mostra a edição de VEJA que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais, dificilmente ficará restrita a isso.

Lula e Emílio Odebrecht são amigos há pelo menos 40 anos. Desde que foram apresentados pelo ex-prefeito de São Paulo Mario Covas, o petista e o empreiteiro estabeleceram uma estreita parceria que incluía acesso preferencial a cúpulas decisórias, desembolsos de bancos públicos para projetos da empresa no Brasil e no exterior e financiamentos para todo tipo de campanha política do partido. A afinidade era tanta que o presidente era identificado em planilhas e e-mails da Odebrecht descobertos pela Lava-Jato com alcunhas das mais lisonjeiras: o “amigo”, o “amigo de meu pai” e o “amigo de EO”.

Tratada como um vespeiro capaz de trazer à tona antigos escândalos de corrupção – a Odebrecht e a própria Braskem fecharam acordos de leniência, uma espécie de delação premiada das empresas, e confessaram pagar propina aos mais diversos espectros ideológicos – a CPI não é do interesse nem do Planalto, que designou bombeiros para argumentar que as investigações poderiam respingar na Petrobras, detentora de 47% do capital votante da Braskem, nem da petroquímica, que teme que a investigação parlamentar desgaste a empresa e desvalorize suas ações. “Eu quero dizer a todos vocês aqui: o Emílio Odebrecht é meu amigo particular. É meu amigo e me pediu para tentar pacificar”, disse Lula na reunião.

“A todo momento Lula dizia que tinha boa relação com os acionistas controladores, que queria ajudar em uma solução, mas não sabia se CPI era o mais recomendável. Todo mundo tem dúvida com relação a CPI”, relatou a VEJA, sob condição de anonimato, um dos presentes ao encontro com o presidente.

No escândalo do petrolão, a antiga Odebrecht, que controla a Braskem, delatou quase 100 políticos, incluindo Lula, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), o atual ministro dos Transportes Renan Filho e o senador Renan Calheiros, autor do pedido de abertura da comissão de inquérito. As acusações eram lastreadas em boa parte em planilhas do setor de propina da empreiteira, provas que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli anulou por completo em setembro passado no mais duro golpe contra o que ainda restava da Lava-Jato.

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