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Lula ouve reivindicações de moradores do Alemão

Foi o único (e curto) intervalo na euforia geral. Depois, o presidente comparou o teleférico da favela ao do Pão de Açúcar, e disse que vai nadar na Baía de Guanabara

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 dez 2010, 16h36

“Este teleférico passa a disputar com o Pão de Açúcar para servir de cartão postal do Rio. Isso é o pobre sendo bem tratado”

Em meio ao clima festivo de sua turnês de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo em tom dramático às autoridades locais. Depois de participar da viagem inaugural do teleférico do Complexo do Alemão, pediu prioridade a políticas sociais na região, ocupada pelas forças de segurança desde o final de novembro. “Não permitam, pelo amor de Deus, que haja retrocesso. Tem que vir escola, emprego”, disse. Depois desse discurso genérico sobre as necessidades da população, ouviu reivindicações bem concretas e avaliações nada ufanistas sobre o cotidiano dos moradores. Anathalia Santos, dirigente do movimento Mulheres de Paz, pediu a volta do pólo industrial, e mais segurança. “Precisamos das mulheres trabalhando. E, na segurança, precisamos de efetivo, quantitativo. Aqui está o mínimo. E aqui no Alemão, o mínimo não vai funcionar”, disse.

Ricardo Reis, supervisor do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) no conjunto de favelas do Alemão, diz que ainda são muitas as reclamações sobre abuso de poder por parte dos policiais. E afirma que traficantes têm telefonado a moradores para ameaçá-los. Para Reis, os bandidos estão irritados com a quantidade de ligações para o Disque-Denúncia, algo que segundo a própria polícia está sendo instrumento importante para apertar o cerco ao tráfico.

Foi o único parêntesis na profusão de elogios do final da última visita de Lula ao Rio, antes de passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff. Acompanhado o tempo todo pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, Lula recebeu as chaves da cidade e prometeu “ficar olhando pela fechadura”. Animado com o presente, ele já marcou visita para 2011. Além de ir à Marquês de Sapucaí mostrar que é bom de samba, disse que irá à Rocinha, favela localizada na zona Sul carioca. Espera poder ir sem seguranças, porque não será mais o presidente. “Quando for, vocês vão me dar um copinho de cerveja, porque quem não bebe fica olhando e quem bebe, bebe comigo.” Ainda na brincadeira, alertou que o morador do Alemão que estiver no teleférico, a partir de março, olhará do alto do morro uma cena inusitada. “Se vocês virem um baixinho barrigudo, é o Lulinha tomando banho na baía de Guanabara”.

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Lula elogiou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que também estava presente, e a política de pacificação de favelas. “As pessoas estão com auto-estima tão elevada que, se colocar aquele negócio de batimento cardíaco, nós nem conseguiremos medir”, disse o presidente, que aproveitou para lançar mais uma frase de efeito. “Este teleférico passa a disputar com o Pão de Açúcar para servir de cartão postal do Rio. Isso é o pobre sendo bem tratado.” Para completar a lista das benfeitorias, Lula disse: “O Complexo do Alemão não é mais um bicho papão”.

Cabral, que tem insistido em ser o herdeiro da verborragia presidencial, não quis perder mais uma oportunidade. “Só nós sabemos que você, Lula, ficou sentado na cadeira pedindo votos para príncipe com o objetivo de conseguir que o Rio fosse a sede das Olimpíadas.” No meio dessa série de elogios, surgiu Paes com um cheque gigante, uma espécie de recibo, a ser entregue a Lula. Constava no papel a cifra de 2,3 bilhões de reais, que foram investidos na cidade pelo governo federal. “O senhor está aqui em seu último evento no Rio. Eu tenho que falar isso porque se eu deixar para o Cabral, ele despenca”, afirmou Paes certo de que Cabral, que já havia chorado ao passear de teleférico, voltaria a se emocionar com a despedida.

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