“Eu praticamente joguei a toalha. Eu não acredito mais que vai haver alguma definição de São Paulo até as eleições e isso é lamentável”, disse Orlando Silva, ministro do Esporte
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que “não consegue imaginar uma Copa do Mundo no Brasil sem São Paulo”. “Seria a irracionalidade maior, o estado mais importante, o estado que tem mais população e o estado que tem o melhor futebol do Brasil não ter a abertura da Copa do Mundo do Brasil por conta de estádio”, afirmou durante entrevista coletiva após encontro com empresários da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), no hotel Transamérica, em São Paulo. “Nem a cidade de São Paulo, nem o estado de São Paulo podem prescindir de ter a Copa do Mundo”.
A empolgação do presidente com a pujança – tanto da economia, quanto do futebol – paulista se explica: o colégio eleitoral de São Paulo pode ser decisivo para turbinar – ou interromper – a rápida ascensão da candidata Dilma Rousseff, do PT, nas pesquisas de intenção de voto. Não foi por acaso que Lula decidiu concentrar sua agenda eleitoral em São Paulo e amanheceu fazendo campanha na porta da fábrica da Mercedes Benz, em São Bernardo do Campo, nesta segunda-feira.
Preocupado em evitar acusações de que estaria usando o evento para pedir votos, Lula chegou a dizer que o período eleitoral não é o ideal para esse tipo de discussão.Prometeu, porém, que após as eleições vai se reunir com o ministro do Esporte, Orlando Silva, e com os eleitos ao governo de São Paulo e à Presidência da República para resolver o assunto.
Questionado sobre se tem preferência pelo estádio do Morumbi, do São Paulo, Lula disse que já conversou com o presidente do clube, Juvenal Juvêncio, sobre a possibilidade de o estádio ser reformado para se adequar e receber jogos da Copa. Ele ponderou, porém, que a reforma deve estar dentro dos custos que o time pode arcar, de forma a não “se endividar pelo resto da vida”. A diretoria do São Paulo apresentou projeto de reforma do estádio ao custo de R$ 260 milhões. A Fifa rejeitou o projeto e, pelas modificações sugeridas, a conta da reforma iria para R$ 630 milhões, valor que o clube não teria como pagar.
CBF não tem culpa – O presidente eximiu o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, da responsabilidade pelas controvérsias em torno do Morumbi. “Não é o presidente da CBF, o problema é da Fifa. São exigências que eu acho que são algumas corretas e outras exageradas, mas acho que vamos chegar a um bom termo”, afirmou. “Não é a CBF que tem força para tomar decisão. É a Fifa mesmo.”
O ministro do Esporte criticou o fato de a decisão a respeito do estádio de São Paulo para a Copa estar paralisada. Segundo ele, a decisão diz respeito às autoridades locais que decidiram não discutir o assunto antes das eleições. “É lamentável que isso aconteça mas é uma decisão local”, disse, citando apenas o nome do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Orlando Silva afirmou que integrantes da Fifa farão nova visita ao Brasil no início de setembro para examinar a situação de todas as cidades. “Espero que São Paulo se manifeste. Eu praticamente joguei a toalha. Eu não acredito mais que vai haver alguma definição de São Paulo até as eleições e isso é lamentável”, disse.
(Com Agência Estado)