Apenas seis dos 70 deputados estaduais do Rio de Janeiro tiveram acesso total ao processo de cinco parlamentares que estão presos desde novembro do ano passado em um desdobramento da Operação Lava Jato. As cerca de 6.000 páginas de documentos sigilosos referentes às prisões de André Correa, Luiz Martins, Marcus Vinícius Neskau, Marcos Abrahão e Chiquinho da Mangueira foram recebidas pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) André Ceciliano (PT) na última sexta-feira 18, e repassadas em pendrives aos membros titulares da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Nesta segunda-feira, 21, após uma reunião de quatro horas, os parlamentares deram parecer favorável à soltura dos políticos presos com a condição de que eles não retornem aos mandatos.
Deputados ouvidos por VEJA informaram que a decisão sobre a soltura se dará em sessão extraordinária nesta terça-feira 21 sem que o processo tenha sido lido por todos os parlamentares, que receberam apenas cópias de um voto a favor da soltura e outro contrário. De acordo com decisão da ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), cabe à Alerj a palavra final sobre a manutenção ou não dos deputados presos. Segundo as investigações, os parlamentares recebiam pagamentos para votar de acordo com os interesses do ex-governador Sérgio Cabral.
Durante a reunião da CCJ, realizada de portas fechadas, os deputados reclamaram da decisão do STF, classificada por um deles de “cretina”, de acordo com relato colhido por VEJA. Na avaliação dos deputados, a Corte transferiu o desgaste da decisão para o Legislativo e colocou uma “casca de banana” para os parlamentares, especialmente para aqueles que pensam em ser candidatos ao Executivo nas eleições municipais de 2020. A expectativa é de que a Alerj solte os cinco parlamentares nesta terça-feira.