Após entrar com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não comparecer à CPI da Pandemia, no Senado, o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), voltou atrás. Em entrevista a VEJA nesta terça-feira, 15, Witzel afirmou que irá depor nesta quarta-feira. Os advogados de defesa do ex-juiz federal haviam pedido à Corte para que ele não fosse obrigado a falar aos parlamentares usando como exemplo a decisão da ministra do STF, Rosa Weber, que autorizou o governador do Amazonas, Wilson Lima, a não participar. Lima, realmente, não foi à CPI.
“Eu irei e vou responder a todas as perguntas”, afirmou Witzel.
Questionado sobre o que dirá aos senadores na CPI, o ex-governador do Rio, que sofreu impeachment por suspeita de corrupção na Saúde durante a pandemia, respondeu:
“Farei alguns requerimentos à CPI. Muitos fatos não ficaram esclarecidos e precisam ser aprofundados. Ao que parece, o que interessava mesmo era meu afastamento e cassação. Criminosos confessos como (o empresário) Edson Torres não tiveram seus bens bloqueados e as empresas que operaram os esquemas dele continuam atuando sem qualquer intervenção. Não é estranho? A CPI pode prestar um grande favor à democracia investigando, quebrando sigilos que não foram quebrados e encontrando o caminho do dinheiro”, disse Witzel.
Em janeiro, Edson Torres foi ouvido em uma sessão do Tribunal Especial Misto, que julgou o impeachment de Witzel. Torres afirmou que pagava propina para Edmar Santos, secretário estadual de Saúde na gestão Witzel. O empresário contou ainda ter pago quase um milhão de reais para o ex-governador antes da eleição de 2018, acusação que Witzel sempre negou.
A VEJA, Witzel também justificou sobre o motivo de ter recorrido ao Supremo para não comparecer à comissão: “Foi uma decisão dos (meus) advogados. Eu não posso interferir no trabalho deles”. “Mais detalhes amanhã na CPI”, concluiu.