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Influenciadora digital acusa agência de publicidade irregular para o PT

Paula Holanda afirma ter feito parte de campanha para elogiar, no Twitter, lideranças petistas que são candidatas, o que é vedado pela lei eleitoral

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 27 ago 2018, 11h57 - Publicado em 27 ago 2018, 11h09
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  • O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), candidato ao quarto mandato, foi parar ontem nos trending topics do Twitter. Diante de uma série de posts nas redes sociais exaltando a sua gestão, internautas passaram a acusá-lo de pagar uma agência de “influenciadores digitais” para divulgar mensagens positivas a seu respeito. A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular.

    Segundo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações e candidatos e seus representantes”. O desrespeito à regra pode levar a imposição de multa de até 30 000 reais. O caso, chamado de “#piauigate”, transformou Dias e o Piauí em alvos de memes.

    Internautas que dizem ter sido contratados pela agência disseram que a ação em favor de Dias era a “ponta do iceberg” e envolveria outros políticos do PT e pautas de interesse do partido.

    A ação foi revelada por Paula Holanda, que é influenciadora digital – como são conhecidos os usuários de redes com alto poder de influência sobre os seus seguidores e que, por isso, recebem dinheiro para divulgar causas, serviços e produtos para seus fãs. Ela disse em seu Twitter que foi procurada por uma representante de uma agência de marketing digital, a Lajoy.

    Paula publicou suposto briefing em que uma pessoa chamada Isabella Bomtempo, da agência, convidou-a para participar de ação “de militância política para a esquerda” e não de cunho partidário. No trecho divulgado por Paula não havia menção a pagamentos. Ela aceitou participar.

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    “A primeira pauta foi sobre a Gleisi Hoffmann [senadora e presidente nacional do PT]. Acompanhei o caso dela e ele ilustra bem a perseguição partidária, bem como a prisão do [ex-presidente] Lula, que foi, sim, de cunho político. Me pareceu uma pauta muito justa, então eu fiz o tuíte sem resistência.”

    Em outro tuíte, ela disse: “A segunda pauta foi sobre o Luiz Marinho [ex-prefeito de São Bernardo e candidato do PT ao governo de São Paulo]. Parte da minha família mora em São Paulo, então a agenda paulista me interessa”. Mas, na terceira vez, Paula desconfiou que o cliente seria o partido e a ação seria dissimulada e se recusou. “Minha desconfiança explodiu hoje, na terceira pauta, sobre o governador petista do Piauí, Wellington Dias.”

    A partir da denúncia, postagens de outros influenciadores digitais foram expostas nas redes – vários deles com comentários elogiosos a Dias. Imediatamente, as postagens se transformaram em motivo de piada, principalmente pelo fato de muitos deles nunca terem visitado o Piauí. Um influenciador digital, que pediu para não se identificar, recebeu uma mensagem parecida com a de Paula. Mas, neste caso, a agência deixava claro que a ação era pró-PT e haveria pagamento de “1.500 reais por mês por entrega de um conteúdo por dia”.

    A campanha de Dias negou ser responsável pela ação. “As postagens são espontâneas. Não conhecemos a empresa responsável nem fomos informados ou sondados sobre a tal ação”.

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