Haddad tem mais ‘votos envergonhados’ que Bolsonaro, diz Ibope

Presidente do instituto de pesquisas, Carlos Augusto Montenegro afirma que o cancelamento de 3,4 milhões de títulos de eleitor é ruim para o PT

Por Fernando Molica
Atualizado em 4 out 2018, 22h54 - Publicado em 1 out 2018, 17h09

Os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) (Paulo Whitaker/Nacho Doce/Reuters)

Presidente do Ibope Inteligência, Carlos Augusto Montenegro afirmou que eleitores de Fernando Haddad (PT) têm mais resistência em revelar seu voto do que aqueles que preferem Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ele, a tendência foi verificada por um mecanismo desenvolvido pelo instituto para detectar o chamado “voto envergonhado”, não revelado ao pesquisador. Depois de declarar seu candidato favorito, o entrevistado é estimulado a marcar sua preferência longe dos olhos do entrevistador – a comparação entre os resultados revela que, nesta segunda fase, as intenções de voto no petista crescem de dois a três pontos percentuais. No caso do capitão da reserva, o aumento é de apenas um ponto. Este segundo voto é o levado em conta na tabulação do Ibope.

Montenegro, que participou nesta segunda de um almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro, disse também que a decisão do Supremo Tribunal Federal de impedir o voto de 3,4 milhões de eleitores que não se recadastraram ”não é uma notícia boa para o PT”. Isto porque boa parte dos títulos cancelados – 1,5 milhão – é de pessoas que vivem no Nordeste, onde Haddad tem as maiores intenções de voto. De acordo com ele, a decisão deverá ter pouco efeito no resultado no primeiro turno, mas ter influência no segundo turno “se a eleição estiver acirrada”. O cancelamento foi decidido pela Justiça Eleitoral e confirmado pelo STF, que negou recurso do PSB para que a decisão fosse mudada.