Os dois candidatos à Presidência da República que disputarão o segundo turno, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), deram entrevistas ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta segunda-feira 8. Questionados a respeito de propostas para uma nova Constituição, expressas no programa de governo de Haddad e em falas do vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão (PRTB), ambos disseram que não pretendem fazer a elaboração de uma nova Carta, mas sim propor reformas por meio de emendas constitucionais.
O petista afirmou que sua campanha abandonou a ideia de convocar uma Assembleia Constituinte exclusiva. “Nós revimos nosso posicionamento, nós vamos fazer as reformas por meio de emendas”, disse.
Segundo Haddad, três grandes reformas serão propostas por meio de emendas caso ele seja eleito. A primeira seria a da reforma tributária. “No Brasil, quem sustenta o Estado é o pobre, infelizmente. Quem paga mais imposto proporcionalmente são os pobres, os ricos não pagam nada”, afirmou. Por isso, completou o petista, seu possível governo irá propor a isenção de Imposto de Renda para aqueles que ganham até cinco salários mínimos.
A segunda emenda constitucional citada pelo petista preverá a reforma bancária. “Não é possível continuar convivendo com essa concentração de bancos, com as taxas de juros que eles cobram do empresário que quer produzir e do consumidor que quer comprar no crediário”, disse.
A terceira medida proposta ao Congresso caso ele seja eleito será revogar a PEC do teto dos gastos aprovada pelo governo Michel Temer (MDB), que “afetou drasticamente o investimento”.
Haddad também foi questionado sobre uma declaração do ex-presidente do PT José Dirceu, segundo quem era “questão de tempo para o partido tomar o poder”, caso o petista seja eleito e não possa assumir o governo. O ex-prefeito de São Paulo afirmou que discorda das declarações do correligionário, que defende a democracia e que o ex-dirigente petista não faz parte de sua campanha nem integrará seu governo, caso eleito.
Sobre a proposta de Mourão por uma Constituição escrita por “notáveis” e a possibilidade de “autogolpe” dado pelo presidente, Jair Bolsonaro afirmou que será um “escravo” do texto constitucional. “Ele (Mourão) é general, eu sou capitão, mas eu sou o presidente, o desautorizei nesses dois momentos, ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite, jamais eu posso admitir uma nova Constituinte por falta de poderes para tal”, disse.
O presidenciável relativizou as falas do general e declarou que falta ao companheiro de chapa “um pouco de tato” e “vivência com a política”. Nos cerca de cinco minutos em que falou, o deputado errou o nome de Hamilton Mourão duas vezes, chamando-o de Augusto Mourão. Ele se corrigiu apenas na primeira vez. “General Augusto Mourão agradeço a sua participação, mas nos dois momentos ele foi infeliz, deu uma canelada. O presidente jamais autorizaria qualquer coisa nesse sentido”, confundiu-se.
Como possível emenda à Constituição, Jair Bolsonaro citou apenas a redução da maioridade penal. Ele prometeu um governo “com autoridade e sem autoritarismo” e que não cederá ao “toma lá, dá cá” para nomeações aos ministérios e disse acreditar no voto popular.
Na entrevista, o presidenciável do PSL também afirmou que não pretende acabar com o Bolsa Família e que só não recebeu mais votos no Nordeste por boatos que dizem o contrário. “Não pretendemos acabar com o Bolsa Família, muito pelo contrário, devemos combater fraudes para que aqueles que realmente precisam possam ter dinheiro um pouco maior”.
Ele também negou que pretende aumentar a cobrança de imposto de renda e recriar a CPMF, o imposto do cheque. “Não pretendemos criar ou aumentar a cobrança de imposto de renda, a proposta do nosso economista Paulo Guedes é quem ganha até cinco mínimos não pagará imposto e acima disso uma tabela de 20% para todos. Não pretendemos criar a CPMF. Eu fui um dos que votou contra a CPMF no passado”, afirmou.