Gilberto Carvalho nega chantagem e diz que Valério está desesperado
Ministro rebate acusação feita pelo publicitário, que diz ter sido procurado para comprar o silêncio de figuras ligadas ao caso Celso Daniel
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou nesta segunda-feira não estar preocupado com as revelações do publicitário Marcos Valério – que, como mostrou a última edição de VEJA, se propôs a contar o que sabe sobre o esquema do mensalão e, em seu primeiro depoimento, disse ter informações sobre o caso Celso Daniel, que era prefeito de Santo André pelo PT e foi assassinado em 2002.
Ao Ministério Público Federal, Valério afirmou ter se reunido com Ronan Maria Pinto, empresário suspeito de integrar um esquema de pagamento de propina na gestão do petista, e Silvio Pereira, então secretário-geral do PT, para tratar do assunto. O publicitário diz que foi procurado pela dupla para ajudar a comprar o silêncio de figuras ligadas ao assassinato do prefeito.
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O que os potenciais delatores sabiam, diz Valério, poderia atingir a imagem do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Gilberto Carvalho – que já era ministro no governo Lula.
Carvalho afirmou que não foi chantageado e que Valério está desesperado: “Nunca soube dessa história de chantagem em Santo André. Tenho que respeitar o desespero dessa pessoa, mas eu não tenho mais o que falar sobre esse assunto”, afirmou o ministro. “Se tem uma coisa que não nos preocupa, é isso. Nós estamos absolutamente preocupados é com outras coisas”, disse ainda o ministro.
GIlberto Carvalho também afirmou que Lula não tem qualquer relação com o caso Celso Daniel: “O presidente Lula nunca teve nada com essa história; está longe, fora disso completamente”, disse ele.
Até agora, Lula não se pronunciou sobre as acusações de Valério.
Condenado pelos ministros do STF a mais de 40 anos de prisão, Valério procurou o Ministério Público espontaneamente na tentativa de fazer um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios.
O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou que é “viável” uma redução de pena para o operador do mensalão, mas não por causa do novo depoimento, e sim por contribuições anteriores ao julgamento.