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Fotos do hacker Delgatti são encontradas nos arquivos roubados de Deltan

VEJA identificou imagens dele em arquivos atribuídos ao ex-procurador, o que pode sugerir que elementos externos foram adicionados ao acervo

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 set 2023, 10h38
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  • Em meados de 2019, a partir de um deslize de segurança de Deltan Dallagnol, o hacker Walter Delgatti Neto acessou ilegalmente um aplicativo de mensagens do então procurador da Lava-Jato e, ato contínuo, de mais de uma centena de alvos, incluindo o ex-juiz Sergio Moro e os principais personagens que atuavam em investigações relacionadas ao petrolão. Ao todo, ele copiou mais de 2,3 milhões de arquivos armazenados em chats de conversas e no HD do computador funcional de Dallagnol, expondo um modus operandi ilegal no qual Ministério Público e Moro, que como juiz tem o dever de imparcialidade, atuaram em conjunto para direcionar investigações.

    As mensagens provocaram uma reviravolta na Lava-Jato, que caiu em descrédito, e levaram o Supremo Tribunal Federal (STF) a concluir que o conluio do magistrado com os procuradores tinha como grande objetivo alvejar o então ex-presidente Lula, na época investigado por suspeitas de receber propinas de empreiteiras. Como se sabe, o petista retomou os direitos políticos e venceu as últimas eleições, enquanto Moro foi declarado um juiz suspeito e suas sentenças envolvendo o presidente, anuladas. Ao analisar na última semana o acervo copiado por Delgatti, VEJA encontrou pelo menos duas fotos do próprio hacker armazenadas no computador de Dallagnol.

    A identificação não teria maior relevância não fosse o fato de a principal linha de defesa tanto do ex-juiz quanto dos procuradores flagrados nas conversas sempre ter sido a de não reconhecer a higidez das conversas, alegando que qualquer um poderia ter plantado um diálogo não existente ou retirado uma conversa de contexto. Até hoje não se detectaram indícios de que isso de fato tenha ocorrido, mas a imagem que abre esta reportagem, na qual Delgatti se reproduz 20 vezes aparentemente segurando um saleiro, estava armazenada no acervo hackeado, o que pode sugerir que, pelo menos neste caso, o universo de arquivos foi em algum momento adulterado com um elemento externo. Em outra foto salva no repositório de dados atribuídos a Deltan Dallagnol, Delgatti aparece na frente de um espelho, dentro de um elevador. O hacker foi condenado a 20 anos de prisão pelo crime, e recorre da sentença.

    Para além da infinidade de elementos que levaram à implosão da Lava-Jato, destacados no escândalo conhecido como Vaza-Jato, o conjunto de mensagens e arquivos de Deltan revela episódios de intriga e desconfiança, obsessão pela fama, linhas investigatórias mirabolantes e estímulos para que delatores em potencial duelassem entre si em busca do melhor acordo, como mostra reportagem que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais.

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    Com a operação na lona e o material ofertado pelo hacker tendo sido utilizado pelo ministro do STF Dias Toffoli para questionar a preservação da cadeia de provas da Odebrecht contra dezenas de autoridades delatadas, encontrar indícios que sugerem que o próprio hacker pode ter plantado imagens suas no HD do ex-chefe da força tarefa de Curitiba é, no mínimo, revelador.

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