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Festanças, articulações e cizânias na disputa pelo comando da Câmara

Candidatos à sucessão de Arthur Lira se reúnem em ambientes descontraídos enquanto planejam uma eleição apertada e negociam cargos e benesses

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 jul 2024, 19h18

A última semana em Brasília foi marcada por festas de pompa que reuniram as principais autoridades da República em eventos animados e com direito a shows de artistas como o sambista Dudu Nobre e o grupo Timbalada, além de comida e bebida liberadas. Anfitriões dos dois eventos, os deputados Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA) deram demonstração de força em suas candidaturas à Presidência da Câmara ao sinalizarem proximidade a políticos de diversos matizes, reunindo no mesmo ambiente aliados de primeira hora de Jair Bolsonaro e Lula, e fizeram questão de mobilizar suas equipes para registrar os momentos de descontração fora do expediente.

Além disso, num gesto de parceria, todos eles compareceram às festas uns dos outros – incluindo aí a presença de demais postulantes, como os deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP), considerado também um nome forte na disputa, e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Hugo Motta (Republicanos-PB) e Doutor Luizinho (PP-RJ), que correm por fora.

No cenário ideal, a definição do próximo presidente da Câmara se dará da seguinte maneira: o atual comandante, Arthur Lira (PP-AL), vai apresentar no próximo mês ao presidente Lula um nome indicado por ele e previamente pactuado com as principais lideranças políticas. Se também não houver nenhuma resistência palaciana, esse deputado se candidatará a suceder Lira num pleito praticamente sem adversários e garantindo uma vitória tranquila.

A pouco mais de seis meses da eleição, marcada para fevereiro de 2025, o roteiro desenhado pelo atual presidente da Câmara ainda não demonstra ter uma execução fácil. De maneira silenciosa, alguns governistas e deputados veem os planos de Lira com desconfiança, traçam alternativas ao projeto, aumentam a cobrança por barganhas e planejam uma reação caso não se sintam contemplados na escolha do cacique.

Rede de intrigas

Adversários de Elmar Nascimento, apontado como o favorito a ser indicado por Lira para a sucessão, tentam minar sua campanha e espalham que há um clima de insatisfação com o atual presidente que poderia respingar no deputado baiano. A resistência se daria principalmente entre o “fundo do plenário”, como são conhecidos os parlamentares de menor influência política, mas mesmo peso na hora do voto, após Lira ter promovido votações controversas a toque de caixa, a exemplo de propostas relacionadas ao aborto e à delação premiada.

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Há críticas, também, a uma atuação de Lira com a “faca no pescoço” do governo – termo comumente repetido para fazer referência ao método de negociação do cacique, que sequer conversa com o ministro Alexandre Padilha, responsável pela articulação política. O presidente da Câmara, por outro lado, costuma dizer que representa todos os 513 deputados e que as pautas de interesse nacional, a exemplo da reforma tributária, ganharam um inédito avanço sob a sua gestão.

Numa reação a Elmar, uma das hipóteses na mesa seria aglutinar partidos de centro, como MDB, PSD e Republicanos, e lançar uma candidatura rival à de Lira. Poderia parecer uma solução simples, mas, dentro desse grupo, a dificuldade é definir quem será o indicado e quem ficará pelo caminho.

Em meio às diversas articulações, os demais postulantes também são alvos de ataques e intrigas. Marcos Pereira, por exemplo, acumula versões de que estaria se distanciando de Lira, teria resistências do ex-presidente Jair Bolsonaro e de grandes emissoras de televisão e que seu sonho, de fato, seja assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, e não o comando da Câmara.

Antônio Brito, por outro lado, apesar de ser um “amigão” de deputados dos mais diferentes espectros políticos, é tratado como alguém que não aguentaria pressão do Palácio do Planalto diante de uma crise política, estaria sempre tutelado pelo seu “chefe”, o dirigente Gilberto Kassab, e também não teria estofo para comandar os deputados. Todos, claro, negam as críticas e acusações.

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A reação de Lira

Sabedor do movimento, Arthur Lira tenta contornar as divergências e costurar um acordo amplo para evitar surpresas mais à frente.

O tal acordo, claro, passa por cargos relevantes da diretoria e em comissões da Câmara, divisão de emendas parlamentares, entrega do comando do orçamento, promessa de dar guarida a pautas que atendam à esquerda e à direita e até mesmo uma cadeira de ministro do Tribunal de Contas da União.

Tudo isso – além de um empurrãozinho de um clima festivo – deve ajudar a conter as insatisfações.

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