Arthur Lira e o medo de traição na disputa à Presidência da Câmara
Aliados do deputado alagoano já fazem cálculos de possíveis reações na sucessão de 2025
Enquanto planeja eleger um aliado com o aval de mais de 400 deputados, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também coloca na balança a possibilidade de uma debandada entre candidatos gerar um duro revés na disputa pela sucessão de seu mandato.
O nome preferido de Lira para comandar a Câmara a partir de fevereiro de 2025 é o do deputado Elmar Nascimento (União-BA), de quem é amigo há mais de uma década e mantém proximidade dentro e fora da política. Uma vitória de Elmar é vista como uma maneira de o deputado alagoano manter influência no Legislativo.
Nos últimos meses, Elmar Nascimento vem fazendo acenos ao governo e à oposição em busca de ampliar o seu leque de apoios. Nos bastidores, porém, ainda há resistência ao nome dele por parte do PT e do Palácio do Planalto, que alegam não ter confiança no parlamentar.
Sabendo disso, aliados do presidente da Câmara fazem cálculos e já lhe apresentaram o receio de que uma união de forças entre outros postulantes isole o candidato dele – acarretando, de tabela, uma derrota pessoal de Lira.
Também pleiteiam a cadeira de presidente os deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA) – outros nomes, como o de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Doutor Luizinho (PP-RJ), são apontados como possibilidades no caso de esses dois não vingarem. Já Isnaldo Bulhões (AL), líder do MDB que indicou interesse em entrar na disputa, é apontado como um nome que dificilmente seria chancelado, dada a sua proximidade com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), de quem Lira é adversário.
Rompimento no radar
O receio apresentado a Lira é o de que a indicação do nome de Elmar Nascimento gere uma reação por parte dos outros aliados e leve à união entre o MDB, o PSD e o Republicanos em torno de um “plano B”. Por essa análise, se o PT e o governo encamparem esse outro candidato e forem acompanhados pelo conhecido “fundo do plenário”, como os deputados de baixo clero são localizados, há uma grande chance de vitória.
Dentro do governo, o nome do líder do PSD, Antônio Brito, é apontado como mais palatável. Ele esbarra, porém, na resistência de lideranças do Centrão, que veem o presidente do partido, Gilberto Kassab, ganhando força no Senado e na disputa às prefeituras e não querem que ele avance também sobre a Câmara.
Sabendo de todas as possibilidades na mesa, Lira tenta conter os danos. Ele já afirmou ao presidente Lula que vai apresentar a ele o nome de seu indicado – e, caso não tenha o aval palaciano, uma alternativa será estudada.
O presidente da Câmara também indicou que vai apresentar ainda em agosto, antes do início da campanha para as eleições municipais, o deputado que apoiará para comandar a Casa. A medida, dizem seus aliados, é justamente uma forma de avaliar a reação ao nome e tentar reverter eventuais insatisfações de deputados e partidos que ficaram pelo caminho.