O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, recebeu apoio de religiosos católicos, evangélicos, budistas e de matrizes africanas durante um ato político realizado no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca) na noite de segunda-feira 22. O encontro, realizado antes da participação do candidato no programa Roda Viva (TV Cultura) também contou com o apoio de 69 torcidas organizadas de clubes de futebol, artistas e intelectuais.
O mote do evento foi o mesmo que o adotado pela campanha petista nos últimos dias: mais do que eleger Haddad, seria preciso derrotar o adversário do ex-prefeito de São Paulo, Jair Bolsonaro (PSL), sob o argumento de que este representa uma ameaça à democracia brasileira.
Esse foi o segundo ato com a participação de religiosos promovido pela campanha de Haddad em menos de uma semana. Na quarta-feira passada, o candidato recebeu a adesão de algumas lideranças evangélicas, sobretudo daquelas tradicionalmente mais próximas do PT e da esquerda.
Em seu discurso, Haddad voltou a manifestar indignação com o discurso gravado por Bolsonaro e reproduzido durante ato realizado por apoiadores do capitão da reserva na Avenida Paulista, também em São Paulo, no domingo. “Ontem [21] ele fez um vídeo muito grave, que eu nunca tinha visto uma pessoa ter coragem de fazer: que é ameaçar de morte um adversário, ameaçar a integridade física dos seus opositores, dizendo que não terão lugar no Brasil, ou a cadeia ou o exílio. Disse com todas as letras, está gravado, registrado para a posteridade”.
O candidato do PT procurou motivar a militância, afirmando que até o dia 28, data do segundo turno, seguirá tentando fazer com que as pessoas “percebam” os impactos de uma vitória de Bolsonaro. “É uma pessoa que saiu das trevas da ditadura, dos porões da ditadura e, sem que as pessoas consigam perceber o que ele representa, ainda, porque nós temos até domingo para demonstrar, ele vem galgando degraus e agora parece como um paladino da restauração de uma ordem que ninguém quer mais.”
O mesmo discurso foi adotado por Haddad durante sua participação no Roda Viva. Em tom de relativo desânimo com as perspectivas de vitória, o petista disse que sua campanha se concentrará em um “alerta” sobre Bolsonaro, a quem comparou com líderes totalitários do século passado, como o nazista alemão Adolf Hitler e o fascista italiano Benito Mussolini.
‘Clássicos’
Em relação aos torcedores, o presidenciável conseguiu a proeza de reunir em sua base de apoio torcidas organizadas de clubes notórios rivais, como Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco, e Internacional e Grêmio, entre outros. Ele também recebeu um documento, assinado por torcedores desses clubes e também de Santa Cruz, Sport, Náutico, Cruzeiro, São Paulo e CSA, batizado de “Manifesto das Torcidas pelo Brasil”, que enfoca a importância do diálogo.
“É imensamente importante que tenhamos clareza e diálogo para nos posicionarmos nesse momento em nome da democracia e da liberdade. Caso contrário, todos os nossos sonhos e lutas terão sido em vão”, diz o documento. Em um exemplo desse espírito, Haddad citou a declaração de voto da ex-ministra Marina Silva (Rede), que adotou postura severamente oposta à do PT na última década mas que anunciou, pelas redes sociais, sua opção pelo petista a fim de evitar a vitória de Bolsonaro. “Esse reencontro democrático me enche de orgulho”, afirmou o ex-prefeito.
(Com Agência Brasil)