A ida do tenente-coronel Mauro Cid à CPI dos Atos de 8 de Janeiro nesta terça-feira, 11, não trouxe surpresas à alta cúpula do Exército. Apesar da expectativa no Congresso de que o militar desse algum tipo de explicação, Cid decidiu ficar em silêncio em todas as perguntas feitas pelos parlamentares, recorrendo a um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
Na avaliação da força, qualquer declaração de Cid poderia ser usada contra ele e geraria um desgaste maior, dado o componente político e midiático da comissão de inquérito. Nesse caso, bastam os depoimentos à Polícia Federal, que investiga o militar em pelo menos oito inquéritos – entre eles, por suposta incitação aos ataques do 8 de Janeiro e por integrar uma organização criminosa que teria fraudado cartões de vacina contra a Covid-19.
Os militares também já tratavam como certo que Cid compareceria usando uma farda. Essa, inclusive, foi uma orientação dada a ele, já que eles consideram que a acusação a que responde se dá pela função exclusivamente militar a que exerceu enquanto ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A situação é diferente da relativa ao coronel Jean Lawand Junior, que não recorreu ao uniforme durante depoimento à CPI. Tanto Lawand quanto os militares tentam desvincular as mensagens enviadas por ele a Mauro Cid, nas quais tentava convencer Bolsonaro a rechaçar o resultado eleitoral e dar um golpe.
Por esse raciocínio, a ação de Lawand foi exclusivamente pessoal e à revelia da força, o que justificou o fato de ele comparecer sem a farda.