A Executiva Nacional do PSDB arquivou, nesta quarta-feira, 21, dois pedidos de expulsão contra o deputado federal Aécio Neves (MG). O resultado da reunião, que ocorreu em Brasília, representa uma derrota para o governador de São Paulo, João Doria. Por 30 votos a 4, o diretório nacional tucano acatou o relatório do deputado federal Celso Sabino (PA). Houve, ainda, uma abstenção, a do líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP). Com isso, o caso de Aécio Neves não avança para o Conselho de Ética do partido.
A decisão do PSDB representa uma derrota pessoal para João Doria. Na véspera da votação, ele disse que Aécio, que foi o candidato do partido nas eleições presidenciais de 2014, tinha todo o direito de “formular a sua defesa”, mas que poderia fazê-la “fora do PSDB”.
Após a reunião, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo (PE), afirmou que o colegiado entendeu que o caso de Aécio Neves deveria ser arquivado por não haver uma condenação de primeira instância imposta ao tucano. O código de ética do partido prevê expulsão em casos de corrupção que tenham transitado em julgado, isto é, quando não há mais possibilidade de recursos. Aécio se tornou réu, no ano passado, sob acusação de corrupção passiva e obstrução de Justiça, mas ainda não foi julgado. “Houve, de forma democrática, uma leitura da grande maioria do partido que essa representação só poderia se processar havendo qualquer condenação de primeiro grau. Então, esse assunto é um assunto encerrado”, disse.
No entanto, Araújo negou que a decisão represente uma derrota de Doria. “Não (é uma derrota do Doria). Acho que é um processo em que o PSDB, que sempre foi cobrado a decidir, não põe mais nada embaixo do tapete. Toma decisões. Não foram decisões monocráticas ou decisões tocadas de forma sumária. É um processo que vem há mais de 30 dias”, afirmou.
Em seu perfil oficial no Twitter, Doria lamentou a decisão do partido, e disse que a sigla “escolheu o lado errado”. “Respeito a votação, mas ela não reflete o sentimento da opinião pública brasileira”, afirmou. Em outro tuíte, voltou a defender que Aécio saia do PSDB para se defender.
Questionado se a posição tomada pela executiva mancha a imagem do PSDB, Araújo foi taxativo: “O partido, de forma madura, assume uma posição, ônus e bônus. Por exemplo, o bônus de assumir posições e fazer enfrentamentos. Eventualmente, qualquer outra leitura será feita ao longo do tempo, mas a decisão foi soberana e consciente da grande maioria dos membros da executiva”.
A vitória desta quarta-feira, porém, não deve aliviar a situação de Aécio dentro do partido. Nos bastidores, a expectativa é que a pressão para que o tucano deixe a sigla se mantenha. Apresentação de novas representações contra o deputado federal também não estão descartadas. “Qualquer pressão por saída de quem quer que seja, que não seja por representação, não passa de vontade pessoal. Do ponto de vista institucional, este é um assunto encerrado”, disse o presidente nacional do partido.