O ex-presidente peruano Alan García e o ex-primeiro ministro Jorge Del Castillo vão depor nesta sexta-feira como testemunhas de defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, réu nas investigações da Operação Lava Jato sob acusação de ter embolsado propina de empresários que fraudavam contratos com a Petrobras. García foi arrolado como testemunha porque, segundo a defesa de Dirceu, se reuniu pelo menos duas vezes com o petista, em 23 de janeiro e 26 de novembro de 2007. Del Castillo, por sua vez, participou de reuniões com o ex-ministro em janeiro e novembro daquele mesmo ano. Para o advogado Roberto Podval, que atua na defesa do ex-chefe da Casa Civil, ambos podem “demonstrar as relações políticas de José Dirceu no exterior para a prospecção de negócios de seus clientes na JD Assessoria e Consultoria Ltda”.
As suspeitas dos investigadores da Lava Jato são de que contratos de consultoria da JD eram usados para camuflar o pagamento de propina. Vídeos obtidos pelo site de VEJA em agosto de 2015 mostram a desenvoltura com que o ex-ministro José Dirceu circulava no alto escalão do governo peruano no segundo mandato do ex-presidente Lula – mesmo réu no processo do mensalão e defenestrado da Casa Civil em 2005. Em encontros com autoridades do país, o petista chega a se referir a estratégias comerciais do Planalto. As portas para Dirceu no Peru foram abertas por meio da parceria com a mulher de um ex-ministro peruano, que recebeu do petista 378.785 reais. (Laryssa Borges, de Brasília)