O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) foi preso na manhã desta quarta-feira. Ele estava apresentando o programa que mantém na Rádio Tupi, sediada em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, quando agentes da Polícia Federal (PF) apareceram para cumprir um mandado de prisão domiciliar.
Garotinho foi conduzido para a sede da PF em Campos dos Goytacazes, no norte do estado, onde fará exames de corpo de delito e será interrogado. Em seguida, o ex-governador deverá ser levado para a casa onde irá cumprir prisão domiciliar, no bairro da Lapa. Ele terá de usar tornozeleira eletrônica.
A Justiça diz que o grupo chefiado por Garotinho não cessou a prática de crimes durante o período em que o ex-governador esteve em liberdade. A decisão é do juiz Ralph Manhães, da 100º Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes.
O ex-governador é investigado na Operação Chequinho, que apura a suspeita de compra de votos em Campos dos Goytacazes durante as eleições do ano passado. O nome da operação é uma referência ao programa Cheque Cidadão, que teria sido usado como moeda de troca para comprar votos em candidatos à Câmara Municipal. O benefício, que prevê o pagamento de 200 reais a famílias carentes, foi suspenso pela Justiça em setembro de 2016.
Garotinho foi preso na Chequinho em 16 de novembro. O ex-governador passou a cumprir prisão domiciliar após receber autorização para realizar uma cirurgia cardíaca. Em novembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revogou a prisão de Garotinho mediante o pagamento de 88 mil reais.
Procurado, o PR não se manifestou sobre a prisão do ex-governador. A defesa de Garotinho ainda não foi localizada.
Surpresa
O locutor Cristiano Santos foi chamado para substituir Garotinho no programa de Rádio Tupi. Ao anunciar a mudança aos ouvintes, Santos afirmou que o ex-governador teve um problema de saúde e precisou deixar o estúdio. Ele não mencionou a prisão em nenhum momento.
“Nosso Garotinho até tentou, você viu, até tentou fazer o programa hoje, mas a voz foi embora, e a orientação médica é que ele pare de falar. Agora ele tem que se cuidar. O marido que pertence à Rosinha vai se cuidar para amanhã estar de volta, se Deus quiser, quando estiver bom. Já falei com ele, volta quando estiver bom. Eu cuido aqui do programa com muito carinho”, disse Santos.
Ouça abaixo o momento em que Santos anuncia a saída de Garotinho:
Histórico
Garotinho, que já foi candidato à Presidência da República em 2002, tem um extenso currículo de escândalos. Entre eles, um dos mais graves foi a suspeita de ter usado seu período no Palácio Guanabara — e também o de sua mulher, Rosinha — para acobertar as ações de um grupo de policiais que, encastelados na chefia da Polícia Civil, barbarizou o Rio de Janeiro cometendo ilícitos variados.
A lista inclui ainda facilitação de contrabando, formação de quadrilha, proteção a contraventores, cobrança para nomeação de delegados, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. Em 2010, Garotinho chegou a ser condenado a dois e meio de prisão pela Justiça Federal do Rio por formação de quadrilha. Na mesma sentença, o ex-chefe da Polícia Civil na sua gestão, Álvaro Lins, foi condenado a 28 anos de reclusão por corrupção passiva, lavagem de bens e formação de quadrilha.
(Com Reuters)