O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que um país não pode ter o combate contra a corrupção como seu principal valor. A declaração foi feita em uma entrevista concedida ao jornal americano The Wall Street Journal. A publicação divulgou nesta quinta-feira um perfil do magistrado, citando as críticas que Mendes recebe por conta dos habeas corpus concedidos a investigados na Operação Lava Jato, entre eles o empresário Eike Batista.
“O ‘ethos’ de um país não pode ser a luta contra a corrupção”, declarou Mendes. De origem grega, a palavra ‘ethos’ diz respeito aos valores, ideias e crenças fundamentais de um povo. Para o magistrado, “existe uma parte da mídia e, claro, do Ministério Público, que entende que um julgamento só é bom quando se nega um habeas corpus”. “É preciso ser sensato”, afirmou.
Mendes disse ao jornal americano que a situação está “voltando ao normal” no país. A declaração ocorre em meio à expectativa com relação à segunda denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, poderá apresentar contra o presidente Michel Temer (PMDB). A acusação deve ser formulada ainda nesta semana, já que o mandato de Janot se encerrará no dia 17. Está marcada para a manhã de segunda-feira a posse de Raquel Dodge como a nova chefe da PGR.
Crítico ferrenho de Janot, Mendes não participou da sessão do STF que rejeitou o pedido de suspeição apresentado pela defesa de Temer contra o procurador-geral da República. A Corte manteve Janot à frente das investigações que envolvem o peemedebista por unanimidade, com um placar de 9 a 0.