Sem um cargo no governo, a primeira-dama Janja pauta debates, gera controvérsias e, entre o fascínio de apoiadores e o monitoramento dos detratores, desponta como uma estrela em ascensão no meio digital. Conforme levantamento realizado pela consultoria Arquimedes, a pedido de VEJA, a primeira-dama ganhou 788 mil seguidores em suas redes sociais (Twitter e Instagram) desde o 1º de janeiro, quando Lula tomou posse.
O número é expressivo. A título de comparação, de toda a Esplanada dos Ministérios, o resultado é superado apenas por Flávio Dino, o popular chefe da Justiça, que chegou a 905 mil novos seguidores. Janja ganhou o triplo de seguidores em relação à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o quádruplo do vice Geraldo Alckmin, que acumula a função de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço. Atualmente, a primeira-dama tem 2,3 milhões de seguidores no Instagram e 1,2 milhão no Twitter.
Os canais são usados para a divulgação de medidas do governo, alguns detalhes da rotina presidencial e também comentários e ações que acabam gerando polêmica, como quando usou suas redes para defender a taxação de plataformas como a Shein e a Shopee sob o argumento de que apenas empresas, e não os consumidores, seriam afetados.
Em setembro, ao desembarcar na Índia, ela publicou um vídeo sorridente no qual dizia: “Me segura, que eu já vou sair dançando”. O gracejo, feito no momento em que famílias gaúchas sofriam com os desastres naturais, foi alvo de críticas e forçou que Janja deletasse a publicação. Duas semanas depois, ela gerou controvérsia ao ser a única primeira-dama a participar de reunião de negociações do G20, ocorrida a portas fechadas.
Os episódios, somados à viagem ao Rio Grande do Sul no último dia 28, quando Janja irritou a oposição por supostamente estar assumindo uma agenda oficial, dominaram as redes sociais e renderam em setembro um pico de exposição de Janja nas redes sociais, atrás apenas de janeiro, quando Lula tomou posse. A primeira-dama foi tema de mais de 800 mil publicações no Twitter e no Instagram, conforme o levantamento da consultoria.
O problema é que, na arena virtual, o bolsonarismo ainda nada de braçadas – na última semana de setembro, por exemplo, 59% das menções partiram de perfis de oposição e com comentários negativos à socióloga. Os apoiadores até tentam, mas não conseguem superar a pressão dos chamados haters, que chegaram a dar a ela o apelido de “Esbanja”, em decorrência dos giros internacionais acompanhados de hospedagens em hotéis de luxo.
“A oposição surfa em cima de contradições ou de polêmicas. A primeira-dama precisa, se vale uma sugestão, monitorar os temas do debate público para ajustar seu posicionamento nas redes. Essa visibilidade da primeira-dama não é só dela, outras também tiveram. Só que hoje, com o debate digital muito mais quente do que em outros tempos, se faz necessário acompanhar e entender que seus posicionamentos têm impacto e municiam os opositores”, afirma Pedro Bruzzi, um dos sócios da Arquimedes.