O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), vai se reunir nesta terça-feira, 13, com Alexandre de Moraes para solicitar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento do inquérito que investiga os ataques às sedes dos Três Poderes.
Internamente, no entanto, aliados de Maia e integrantes da comissão de inquérito avaliam como baixíssima a possibilidade de Moraes enviar os dados aos parlamentares. O ministro do Supremo é relator de outros inquéritos — além do que trata do 8 de Janeiro, está à frente da ação sobre atos antidemocráticos e sobre a existência de milícias digitais para propagar informações falsas — e vem mantendo as investigações sob total sigilo.
A ida do presidente da CPMI a Moraes é vista como uma maneira de testar a posição do ministro, alvo de uma série de críticas por parte dos integrantes da comissão. Deputados e senadores avaliam que o magistrado vem ganhando superpoderes e agindo de maneira política. Além disso, questionam a postura dele de manter as apurações sob sete chaves inclusive para os alvos dos inquéritos.
Céticos diante da possibilidade de Moraes compartilhar os dados com a CPMI, integrantes da comissão avaliam alternativas para obter as informações. A principal delas é que sejam aprovados requerimentos de quebra de sigilo (fiscal, telefônico e telemático) dos principais investigados dos atos, um caminho mais alongado, visto que essas informações já estariam sob o domínio de Moraes.
A iniciativa conta com o aval da cúpula da CPMI. “Nesse caso, o Moraes vai dizer o que? Vai mandar um ofício para as telefônicas e os bancos dizendo que os dados foram enviados para ele, mas não podem ser enviados para a gente?”, ironizou um influente parlamentar da comissão.
Em conversa com Maia, parlamentares governistas chegaram a defender que a comissão de inquérito tenha seus trabalhos concluídos de maneira célere. No entanto, se de fato não houver o compartilhamento das investigações, o colegiado pode demorar mais do que o desejado pelo Planalto.