O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) participou de uma série de reuniões do partido neste domingo, 4, em Brasília, e falou sobre suas pretensões de concorrer à presidência da República em 2022. O tucano negou que sua decisão de se declarar publicamente gay tenha sido influenciada por razões eleitorais e fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro, de quem diz se arrepender de ter votado – com direito a uma alfinetada em seu colega de partido e governador de São Paulo, João Doria.
Sobre a questão de sua orientação sexual, Leite disse que “não tem nada de errado, nem é algo que mereça ficar escondido”. “Outros políticos têm, sim, a esconder e escondem… Rachadinha, mensalão, petrolão, superfaturamento em compra de vacinas. Entendi que era o momento de falar. Não tem qualquer cálculo do ponto de vista político-eleitoral. Aliás, nem sei quais serão os efeitos que isso terá do ponto de vista eleitoral. Talvez não sejam os efeitos positivos que muita gente possa esperar, mas tendo efeito positivo ou negativo, é o que sou, do jeito que sou, apresentado como sou. Se a população entender que eu posso apresentar um caminho, tem que ser na minha integralidade, sem esconder qualquer coisa”, afirmou Leite, em entrevista coletiva.
Desde que falou sobre sua sexualidade no programa Converda com Bial, da Rede Globo, na última quinta-feira 1º, o governador gaúcho recebeu apoio de muitos colegas e adversários nas redes sociais, mas também teve de lidar com contestações pelo fato de ter declarado voto em Jair Bolsonaro, cujas falas homofóbicas são conhecidas de longa data, na eleição de 2018. Neste domingo, Leite falou sobre o assunto e, sem citar nomes, fez referência a Doria, com quem deve disputar a vaga tucana pelo Planalto, e a campanha “Bolsodoria” do governador paulista.
“Não considero ter apoiado Bolsonaro. Apoiar um candidato significa, além de declarar o voto, buscar votos para um candidato. Isso é apoio, isso eu jamais fiz. Não fiz campanha casada, não misturei meu nome ao do candidato, não fiz material conjunto e nem procurei estimular que as pessoas votassem. Declarei qual seria meu voto em função do que se apresentava naquele segundo turno”, disse Leite.
O governador disse ainda que considera sua escolha um equívoco. “As declarações de intolerância do presidente no passado me pareciam naquele momento que teriam, embora preocupantes, menos espaço para se apresentarem de forma prejudicial ao país à medida que temos instituições fortes que garantiriam que a posição homofóbica dele não significasse política pública contrária a gays, lésbicas, bissexuais, ou qualquer público homossexual. A gente tem que analisar esse erro, aprender com ele para não cometer mais esse erro no futuro.”
Eduardo Leite afirmou também que os candidatos que se apresentarem como “terceira via”, visando evitar um segundo turno entre Bolsonaro e o candidato do PT, provavelmente Luiz Inácio Lula da Silva, deveria se abster de buscar a reeleição em 2026. “Se o próximo presidente da República, viabilizado por uma terceira via, como a gente espera, for candidato à reeleição, passa no primeiro dia a ser atacado pelas duas correntes políticas que querem voltar ao governo, seja o bolsonarismo, seja o lulopetismo. É importante que a gente tenha a visão sobre serenar os ânimos”, completou o tucano.
Leite deve concorrer nas prévias do PSDB para decidir o candidato do partido à presidência com o governador de São Paulo, João Doria, o senador Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgilio.