O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), considerou a decisão de “um homem sábio” o anúncio de Joaquim Barbosa, filiado ao PSB, de que ele não será candidato à Presidência da República.
“Ele já vinha dando sinais, não sentia nele a disposição de viver a atividade política nas vezes em que estivemos juntos. É preciso respeitar a vocação das pessoas e o tempo de cada um. Ele foi um homem sábio de entender que não era o momento, é necessária uma vivência eleitoral e política antes de almejar um cargo como a Presidência da República”, afirmou a VEJA.
De acordo com o governador, sondagens internas feitas pelo partido indicavam que ele começava a superar o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na preferência dos eleitores. Na última pesquisa do instituto Datafolha, o ex-presidente do STF aparecia com cerca de 10% das intenções de voto nos cenários sem Lula, atrás apenas de Bolsonaro e da ex-senadora Marina Silva (Rede).
Na visão de Márcio França, com a desistência de Joaquim, os socialistas ficam “sem uma candidatura óbvia” e vão ter que reiniciar as conversas sobre o futuro da legenda nas eleições de 2018.
“A candidatura do ministro Joaquim, um nome forte e respeitado, era honrosa para o PSB. Agora, acredito que a tendência é não ter candidato, o que é sempre mais fácil, mas ainda vamos discutir esse assunto”, afirmou. Internamente, Márcio França e os diretórios do PSB em São Paulo, Santa Catarina e Paraná defendem que a legenda apoie a pré-candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), de quem ele herdou o comando do Palácio dos Bandeirantes.
Por outro lado, os diretórios socialistas na região nordeste, sobretudo em Pernambuco, resistem e flertam com alternativas mais à esquerda, como uma composição com o PT ou com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
A expectativa é a de que o PSB possa mesmo acabar neutro para evitar acentuar as divergências no partido. “Eu farei sempre essa defesa [da aliança com Alckmin], mas são 600 delegados e ir para o voto é sempre mais difícil, porque o partido acaba ficando dividido de alguma forma”, comentou.
Desde 2014, quando o principal líder socialista, o ex-governador de Pernambuco e então candidato à Presidência Eduardo Campos, faleceu em um acidente aéreo, o partido encontra dificuldades para atuar de forma unida.
Durante a última janela partidária, parlamentares que destoavam do posicionamento mais à esquerda adotado no último ano acabaram migrando para outros partidos. Então líder na Câmara, a deputada Tereza Cristina (MS), por exemplo, se filiou ao DEM.