O Movimento Brasil Livre (MBL) foi multado pela Prefeitura de São Paulo após colar cartazes pela Avenida Paulista com a foto do prefeito João Doria (PSDB) e a expressão “João Desempregador”, uma ironia ao slogan “João Trabalhador” utilizado pelo tucano.
Vídeo revelado por VEJA mostra os membros do movimento pouco depois de distribuir os “lambe-lambes”, como são conhecidos esses cartazes, pela via. Na mensagem, os integrantes do grupo criticam Doria pela nova resolução para o funcionamento dos aplicativos de transporte e o acusam de provocar o desemprego dos motoristas.
“Prefeito, é uma vergonha o que você está fazendo. São 50.000 pessoas que vão passar fome pela sua culpa. Você está sendo mais autoritário que a gestão do PT. O PT, que você tanto critica… você está sendo mais autoritário que o Fernando Haddad. Por favor, prefeito, vamos ter vergonha na cara”, diz na gravação Renato Battista, coordenador do MBL em São Paulo.
O valor da multa não foi divulgado. Colar cartazes em via pública sem autorização fere a Lei Cidade Limpa. Em nota, a Prefeitura Regional da Sé, responsável pela região, afirma que que as equipes de limpeza já estão retirando os adesivos.
Procurado, Doria disse que não comentará as críticas do MBL. A relação entre o prefeito e o grupo se deteriorou nos últimos meses, depois de uma lua-de-mel que durou a campanha eleitoral e os primeiros meses de gestão.
Coordenador do MBL, o vereador Fernando Holiday (DEM) tem feito críticas fortes ao prefeito desde quarta-feira, quando ironizou o lema da gestão, “Trabalho, trabalho e trabalho”, substituído por “Desemprego, desemprego e desemprego” em uma postagem. Doria chegou a ligar para Holiday nesta quinta para acalmar os ânimos, mas não obteve sucesso.
Resolução
A partir deste mês, motoristas que contratam corridas por meio de aplicativos passaram a ser proibidos de trafegar com carros fabricados há mais de cinco anos (sete, caso o cadastro tenha sido feito antes de julho de 2017) e obrigados a emplacar os veículos na cidade de São Paulo.
Os condutores também precisam, agora, fazer um curso à distância de boas práticas ao volante e a identificarem visualmente as empresas para as quais trabalham. Já os aplicativos, por sua vez, passaram a ser obrigados a fiscalizar o veículo e a conceder um certificado de inspeção.
Motoristas e empresas criticam a nova regulamentação, afirmando que ela dificulta a operação na cidade. As principais empresas que oferecem o serviço argumentam que as novas regras burocratizam o sistema sem oferecer garantias de melhoria. Também entendem que os usuários serão prejudicados porque haverá menos motoristas disponíveis.
A versão que entrou em vigor já é mais flexível do que a proposta original. Pelo projeto divulgado inicialmente, a regra de cinco anos valeria para todos os condutores, parte do curso seria presencial e as identificações tinham de ser feitas através de adesivos.