Dissidentes da Frente Evangélica ensaiam aproximação ao governo Lula
Parlamentares condicionam apoio ao governo petista à paralisação da defesa de pautas como a liberação do aborto
Uma ala de congressistas que integra a Frente Parlamentar Evangélica e que ajudava a dar sustentação ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso iniciou nesta semana um movimento de aproximação ao governo Lula. O grupo conta com mais de 200 parlamentares e, pelo tamanho, pode assumir papel estratégico em votações de pautas sensíveis ao Executivo na Câmara e no Senado.
A abertura de diálogo com o novo governo acontece no momento em que os parlamentares evangélicos ainda definem quem será o próximo presidente do colegiado. Atualmente, o grupo é comandado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), aliado de Bolsonaro.
Embora boa parte da frente tenha apoiado o ex-presidente durante seu mandato e nas eleições de 2022, alguns passaram a repensar a estratégia, em especial depois dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Os deputados devem marcar uma reunião com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) já para os próximos dias. Um dos parlamentares que está capitaneando esse movimento é David Soares (União Brasil-SP). O deputado é filho de RR Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, e sobrinho do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
A tendência é de que Lula conquiste o apoio de uma parte da frente evangélica, desde que reze a mesma cartilha que o grupo, sem interferir em seus interesses, como, por exemplo, defender publicamente o aborto.