Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e réu no processo do mensalão que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), entregou na manhã desta quinta-feira à Executiva do partido um pedido de refiliação. Segundo petistas, a carta é “curta e grossa”, com poucos parágrafos. O ex-tesoureiro foi o único petista expulso do partido após envolver-se no escândalo do mensalão, em 2005. Agora seu retorno à legenda será aceito com tranquilidade pelo partido, com cerca de 70% dos votos do Diretório Nacional do PT.
A contagem inclui os 56% da chapa “O Partido que Muda o Brasil” (PMB), da qual faz parte a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem nomes de peso, como o ex-presidente Lula, José Dirceu, Ricardo Berzoini, Gilberto Carvalho e o atual presidente licenciado, José Eduardo Dutra. O restante da porcentagem favorável a Delúbio vem do grupo Mensagem ao Partido, integrado, por exemplo, pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
A reunião da Executiva do PT nesta quinta-feira discutirá sobre o retorno do mensaleiro, mas a decisão final é de responsabilidade do Diretório Nacional, que se reunirá nesta sexta e sábado. O grupo reúne 84 petistas – incluindo líderes do Congresso.
Delúbio Soares deve participar ainda nesta quinta de reunião da corrente CNB na sede do PT, em Brasília. No encontro o grupo discutirá a volta de Delúbio ao partido. Também participam da reunião representantes da chapa PMB, que tem maioria no PT.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que até o momento Delúbio não foi condenado formalmente e o partido não pode manter uma pena eterna ao ex-tesoureiro. Costa ponderou, no entanto, que o retorno do mensaleiro pode desgastar o PT. “Pessoalmente acho que não é o melhor momento. Com a reintegração, o assunto voltará à tona e, quanto mais repercussão, maior a possibilidade de interferir no resultado final do julgamento”.
Já o líder do governo, Cândido Vacarrezza (SP), disse que se o PT tivesse sido prudente, não teria expulsado Delúbio antes do julgamento do STF. “Não defendo pena pérpétua para nenhum cidadão, não iria defender para alguém do PT”, avaliou.
Presidência – Costa negou que esteja disputando a Presidência do PT diante da provável saída de José Eduardo Dutra do cargo nesta sexta-feira por problemas de saúde. “Meu nome está fora de cogitação”, disse o senador. O ex-ministro Luiz Dulci e o deputado estadual Rui Falcão também são cotados para a vaga. Dulci tem negado a interlocutores sua intenção de ocupar o cargo.
Os petistas divergem não só sobre o nome que deve substituir Dutra, mas também sobre a data em que isso deve ocorrer. Há quem defenda – ao lado do ex-ministro José Dirceu – a permanência de Rui Falcão na Presidência interina até o congresso extraordinário do PT em setembro.
Já integrantes do grupo CNB defendem a eleição ainda nesta semana durante reunião do diretório. Outros, como o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), avaliam que a melhor opção seria convocar um novo encontro do diretório em quinze dias ou um mês. “É preciso um tempo para construção de um nome que presidirá o PT”, disse.