Uma delação premiada ajudou os investigadores a desmontar uma quadrilha que desviou pelo menos 57 milhões de reais em contratos com o governo de Rondônia. A operação Plateias, deflagrada na manhã desta quinta-feira, recolheu provas de que empresários pagavam propina para firmar contratos com oito secretarias do governo. O governador Confúcio Moura (PMDB) foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre o caso.
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“Detectamos atividades de um grupo que efetuava pagamento de propina por contratos administrativos. Outro grupo fez doações para campanhas para que pudesse ser contratado”, afirmou o delegado Arcelino Damasceno, em entrevista coletiva concedida em Porto Velho. Ele não apresentou o nome do investigado que aceitou a delação premiada.
A Controladoria-Geral da União, que participou dos trabalhos, detectou que os contratos firmados pelas empresas envolvidas movimentaram 1 bilhão de reais. Desse total, 290 milhões foram recebidos por meio de contratos fraudulentos, e 57 milhões acabaram desviados. Havia até uma espécie de “fundo de propina” que chegou a movimentar 2 milhões de reais em um mês.
Entre os contratos investigados estão o da construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), um de compra de viaturas e um de fornecimento de alimentação a hospitais. Os responsáveis devem responder por fraude a licitação, concussão (exigir pagamento de vantagem indevida), corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.
O superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Carlos Gaia, não deu detalhes sobre a participação do governador no esquema. “As investigações ainda estão em andamento e a gente está tendo que individualizar a participação de cada um”, disse ele, durante a entrevista coletiva.
Por causa da investigação sobre Confúcio, o caso tramita no Superior Tribunal de Justiça. É possível dizer que não há senadores ou deputados federais diretamente envolvidos até agora porque, nesse caso, a atuação caberia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Os investigadores afirmaram que a operação Plateias teve origem em outra apuração da Polícia Federal de do Ministério Público Federal: a operação Termópilas, de 2012. Na ocasião, eles identificaram a ação da quadrilha que foi desmontada nesta quinta-feira.
Aproximadamente 300 policiais cumprem 193 mandados judiciais: 163 de condução coercitiva; 26 de buscas; e 4 de prisão temporária. Os mandados da Operação Plateias são cumpridos em Rondônia, no Acre, Amazonas, na Bahia, em Goiás, no Pará, Rio de Janeiro, em São Paulo, Sergipe e no Distrito Federal. Uma das conduções coercitivas ocorre na Espanha. Em Brasília, foi preso o suspeito de distribuir o dinheiro da corrupção. Ele não teve seu nome revelado. O ex-senador Expedito Júnior (PSDB) está entre as pessoas conduzidas para prestar depoimento.