Quanto mais distanciamento Lula tiver dessas investigações envolvendo o ex-presidente, melhor. Inclusive, politicamente. Afinal, o momento é de deixar que os fatos falem por si, e não de tripudiar em cima do adversário que ainda não caiu. Os inquéritos estão em andamento e ainda tem muita água pra rolar debaixo dessa ponte.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro acabou de fechar o acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Ele terá que, além de apresentar fatos novos, comprová-los. Mas é óbvio que tudo pode cair no colo do ex-presidente. Afinal, Mauro Cid obedecia ordens, não? Até seu advogado, Cezar Bitencourt, chegou a falar isso em público há quase 1 mês. Disse que, para um militar, a obediência hierárquica é uma questão de formação. E que, portanto, isso poderia afastar a “culpabilidade” do seu cliente.
Cid bem que tentou o silêncio. Os próprios militares também não imaginavam que o ex-ajudante de ordens fosse fechar um acordo de delação premiada. Mas o tenente-coronel foi deixado de lado, se viu escanteado na prisão, até ver seu pai flagrado nas fotos de um dos processos envolvendo a venda das joias recebidas pelo ex-presidente. Cid reagiu.
No entorno do ex-presidente, silêncio. É esperar pra ver.
Por outro lado, o presidente Lula aproveita o momento. Apesar de dizer que não tem conhecimento do teor da delação de Cid, disse acreditar que Bolsonaro está envolvido até “os dentes” em tentativa de golpe de estado.
Quem vai dizer o grau de envolvimento do ex-presidente nos crimes investigados é a Polícia Federal. A medida que Lula chama esse debate pra si, deixa que a opinião pública veja uma questão que deveria ser jurídica, como política.