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Crivella se irrita e dispara acusações contra a Globo durante entrevista

Prefeito do Rio de Janeiro foi questionado sobre as fortes chuvas que deixaram 10 mortos e um rastro de destruição na capital fluminense

Por Leandro Resende, do Rio de Janeiro
Atualizado em 11 abr 2019, 22h44 - Publicado em 11 abr 2019, 20h29

O prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) se irritou e fez acusações contra a TV Globo durante coletiva na tarde desta quinta-feira 11, após um evento realizado no Palácio da Cidade, sede do Executivo carioca. Ele foi questionado acerca dos estragos provocados pelas chuvas na capital fluminense. Ao todo, dez pessoas morreram no começo desta semana e milhares de pessoas ainda estão desabrigadas;

A coletiva durou apenas três minutos, e foi iniciada pela repórter da TV Globo Larissa Schmidt. “A cidade está parada ainda, está esperando para retornar, são 7 pontos de interdição”, perguntou a repórter ao prefeito que respondeu: “Não está parada” e se retirou do local momentaneamente. Ao voltar, Crivella reclamou da cobertura feita pela emissora. “É impressionante como a Rede Globo faz campanha contra o Rio de Janeiro, não é contra mim não, é contra o Rio de Janeiro. A cidade está se movimentando”.

Na sequência, Crivella segue reclamando da Globo e diz que o presidente Jair Bolsonaro não dá entrevista à emissora pelo mesmo motivo que ele. Ainda com o clima tenso, a repórter e o prefeito discutiram. Crivella questionou em tom ríspido se ela teria mais alguma pergunta. E voltou a dizer: “É uma televisão que anuncia o tempo todo os problemas do Rio, que faz drama sobre coisas corriqueiras nas nossas vidas, desde que eu nasci aqui”. Neste momento, após a repórter perguntar se o prefeito afirmava que a tragédia ocorrida na última terça-feira era um drama corriqueiro, ele afasta com a mão a profissional da Rede Globo da roda de repórteres. “Não vou falar com vocês”, disse.

Nesta quinta-feira, Crivella decretou estado de calamidade pública em virtude do volume das chuvas, que deixaram dez mortos na cidade. A medida vale por 180 dias e autoriza, por exemplo, que o alcaide faça contratos emergenciais sem licitação. O decreto também indica que recursos advindos de processos da Operação Lava Jato sejam usados prioritariamente para as obras de reparo na cidade.

O prefeito também acusou a Rede Globo de usar o carnaval para ganhar dinheiro. “O que a Globo quer é dinheiro na sua propaganda. O que ela quer é que a gente faça uma festa no carnaval e ela possa vender 240 milhões em imagem, com a prefeitura pagando todo o carnaval. Tá errado! O que elas fazem é chantagem”, abandonando a coletiva.

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Procurada, a prefeitura do Rio afirmou que “não há há contato físico do prefeito com a repórter”.

A TV Globo, em nota, repudiou as declarações e a atitude do prefeito com a jornalista. “A Globo repudia a atitude do prefeito Marcelo Crivella de afastar a repórter Larissa Schmidt dos jornalistas que cumpriam a obrigação de entrevistá-lo. A Globo também repudia a afirmação de Crivella de que a emissora fez drama com coisas corriqueiras na cobertura jornalística do temporal de segunda-feira. A Globo cobriu uma tragédia que tirou a vida de dez cariocas. E cumpriu a obrigação jornalística de mostrar que a prefeitura demorou a acudir a população. Um fato reconhecido pelo próprio prefeito, num momento raro de autocrítica”, disse.

A emissora também lamentou as “afirmações descabidas” do prefeito sobre supostos interesses no Carnaval carioca. “A Globo compra os direitos de transmissão das escolas de samba – e paga um valor seis vezes maior do que aquele que elas recebem de subvenção da prefeitura”, afirmou.

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A Globo também informou que “se solidariza com a repórter Larissa Schmidt, e, mais uma vez, com os cariocas”. “Em especial, com as famílias dos mortos na tragédia”, disse.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) considerou que Crivella tomou atitudes “incompatíveis com o seu cargo”, em “não condizente com os princípios constitucionais da transparência na administração pública”.

Já o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro lamentou a atitude do prefeito. “Eventuais atitudes que cerceiem o trabalho das equipes de reportagem comprometem o direito de a população avaliar o trabalho da administração municipal, tanto no que diz respeito aos aspectos positivos, quanto aos negativos”.

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