A CPI da Pandemia ouviu nesta quinta-feira, 12, o depoimento do líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Seu nome foi citado no depoimento do também deputado Luis Miranda (DEM-DF) como um dos envolvidos no suposto esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin.
No dia 25 de junho, Miranda afirmou à comissão que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre suspeitas de irregularidades na compra de imunizantes pelo Ministério da Saúde. Segundo ele, Bolsonaro teria dito que as falcatruas estariam ligadas a pessoas próximas de Barros.
A convocação de Ricardo Barros foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). No pedido de requerimento, Vieira cita justamente a possível citação do nome de Barros feita pelo presidente “no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”.
O depoimento de Barros foi marcado por bate-bocas entre o depoente e integrantes da CPI e chegou a ser suspenso por algumas horas. Pouco depois da retomada, a comissão decidiu encerrar a sessão e marcar a oitiva para outra data, ainda a ser marcada, desta vez com o deputado como convocado e não convidado.
A cúpula da comissão também vai consultar o STF sobre quais medidas poderá tomar contra o parlamentar caso ele minta em seu depoimento.
O depoimento
Em sua fala, Barros não desmentiu que Bolsonaro tenha mencionado o seu nome ao ouvir a versão de Luis Miranda sobre o caso Covaxin. O deputado, porém, disse que o presidente apenas “perguntou e não afirmou” sobre um possível envolvimento dele no caso, diante da exibição, por parte de Miranda, de uma foto sua.
“Vem aqui o Luis Miranda, faz um teatro aqui e fala que o presidente falou meu nome. Claro, ele, Luis Miranda, levou ao presidente a minha fotografia numa matéria do caso Global, e provavelmente é a este fato que o presidente se referiu”, comentou Barros. O deputado aproveitou para frisar que Bolsonaro já afirmou que “até o momento” não há nada contra ele que justifique uma retirada de sua função como líder do governo.
O parlamentar negou ter participado das tratativas para a aquisição da Covaxin. No depoimento, Barros também negou ter feito indicações políticas para o Ministério da Saúde, incluindo a do servidor Roberto Dias. Ele negou ainda ter privilegiado a Precisa Medicamentos em quaisquer negociações com a pasta da Saúde.
A CPI foi interrompida por bate-bocas entre os integrantes da comissão e o depoente por diversos momentos. Um deles, quando Barros irritou alguns senadores ao dizer que o trabalho do colegiado estaria “afastando” vacinas do Brasil, forçou o presidente Omar Aziz a suspender a sessão, que foi retomada horas depois.