Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Como Lula se articula nos bastidores para fechar a escalação ministerial

O presidente eleito quer fazer uma última incursão para contemplar as legendas e lideranças políticas relutantes em apoiar o governo em troca de cargos

Por Ricardo Chapola
Atualizado em 4 jun 2024, 10h58 - Publicado em 23 dez 2022, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • SURPRESA - Lula e Alckmin: o vice tem prestígio e excelente trânsito junto ao empresariado -
    SURPRESA - Lula e Alckmin: o vice tem prestígio e excelente trânsito junto ao empresariado - (Ton Molina/Fotoarena/.)

    Na campanha eleitoral, Lula se dispôs a reunir políticos e partidos dos mais variados matizes para construir uma aliança sólida o suficiente para bater Jair Bolsonaro nas urnas. Deu certo. Durante o período de transição, o discurso continuou o mesmo. A meta era montar uma equipe de modo a contemplar todos os apoiadores, repartindo os principais espaços de poder e consolidando na prática o que deveria ser um governo “além do PT”. Para isso, o presidente eleito aumentou o número de ministérios para 37 e conseguiu aprovar no Congresso uma lei que facilita a indicação para cargos de direção em empresas estatais. Afinal, marcharam com ele nada menos que catorze legendas — e todas, óbvio, pleiteiam uma área de influência ou de visibilidade. Na quinta-feira 22, ainda sob muita negociação, inúmeras disputas e as intrigas de sempre, Lula anunciou mais dezesseis nomes de seu time. Para surpresa de quase ninguém, o PT se manteve absolutamente hegemônico. Houve, porém, uma novidade.

    Publicidade

    Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o escolhido foi o vice-presidente Geraldo Alckmin. Desde o fim das eleições especulava-se a possibilidade de o ex-­governador de São Paulo assumir um ministério — ele chegou a ser cotado para a Fazenda —, por duas razões. A primeira foi a gratidão. Vista com certa reserva por algumas facções do PT, a aliança com Alckmin foi considerada fundamental para vencer a resistência de alguns setores à candidatura de Lula e também ajudou a atrair para a chamada frente ampla apoios antes inimagináveis. A segunda é que o vice-­presidente, por tradição, sempre foi uma figura decorativa, sem relevância administrativa ou política, o que o torna muitas vezes uma fonte natural de problemas. Alckmin, como revelou o próprio Lula, não foi sua primeira opção. Antes dele, o presidente eleito convidou para o cargo Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que, alegando razões familiares, declinou. Mas o vice-presidente coordenou a equipe de transição, goza de prestígio e tem excelente trânsito junto ao empresariado, o que foi importante na campanha e será mais ainda a partir de janeiro, especialmente diante do temor do mercado de uma guinada à esquerda.

    Publicidade

    arte PT

    Havia a expectativa de que Lula anunciasse o nome de todos os 37 ministros antes do Natal. O saldo que ficou depois da aprovação da PEC da Transição, porém, alterou os planos. O presidente eleito conseguiu aprovar a medida com uma pequena margem de votos, boa parte deles oriunda de partidos que, em tese, estarão na oposição a partir do ano que vem. Lula pretende fazer uma última incursão para contemplar as legendas e algumas lideranças políticas ainda relutantes em apoiar o governo em troca de cargos na administração. Dos partidos que lhe declararam apoio durante a campanha, por enquanto apenas dois estão representados no primeiro escalão (PCdoB e PSB). “Estamos tentando fazer um governo que represente o máximo que a gente puder as forças políticas que participaram conosco da campanha. Vamos contemplar as pessoas que nos ajudaram porque nós somos devedores. Não temos vergonha de política e não temos vergonha de querer ministros políticos também”, disse Lula, que prometeu completar a equipe na semana que vem.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    O fato é que a frente ampla prometida pelo presidente eleito ainda não se revela tão ampla assim. O PT já havia sido contemplado com o Ministério da Fazenda, que será conduzido pelo ex-­prefeito Fernando Haddad, com a Casa Civil, chefiada pelo ex-governador Rui Costa — não por acaso os cargos importantes e cobiçados da Esplanada. Ao time, juntaram-se agora outros sete militantes, todos designados para postos de destaque, caso do ex-governador Wellington Dias. Enquanto isso, nomes de peso, como a senadora Simone Tebet e a ex-ministra Marina Silva, continuam fora do primeiro escalão do governo (embora ambas ainda possam ser anunciadas nos próximos dias).

    Tebet disputou o primeiro turno das eleições para a Presidência da República e ficou em terceiro lugar, com quase 5 milhões de votos. No segundo turno, ela se juntou à caravana de Lula. O apoio foi considerado simbolicamente importante, mas, segundo os petistas, resultou na transferência de poucos votos. Pura intriga. A senadora esperava o convite para ocupar uma pasta de destaque ligada à área social. O PT, porém, enxerga nela uma potencial adversária, interessada em usar o ministério apenas como trampolim para uma candidatura daqui a quatro anos. O caso de Marina Silva é parecido. A avaliação dos petistas é que ela só caberia em um cargo na Esplanada: o de ministra do Meio Ambiente, posto que já ocupou no primeiro governo Lula. Mais intriga. Em 2014, como se sabe, Marina Silva desafiou os petistas, disputou a Presidência da República e chegou a ameaçar o favoritismo da então candidata Dilma Rousseff. O PT, desde a largada, quer evitar esse risco.

    Publicidade

    Publicado em VEJA de 28 de dezembro de 2022, edição nº 2821

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.