Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Clima de eleições leva desavença entre amigos e famílias

Em uma eleição marcada por atos violentos, desavenças entre amigos, parentes e colegas de trabalho pode aumentar após o posicionamento político ser revelado

Por O Estado de S. Paulo.
Atualizado em 30 set 2018, 13h11 - Publicado em 30 set 2018, 12h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Na mesa do happy hour um assunto colocou água no chope das amigas: a eleição presidencial. Unidas em torno do candidato João Amoêdo (Novo), elas evitam comentar o destino dos seus respectivos votos em um eventual segundo turno. “No bar, tentamos não tocar no assunto. Já tem muita discussão no trabalho, na família, no grupo do WhatsApp…”, diz a bancária Tayna Moraes, de 21 anos. 

    “Essa é uma consequência séria do ambiente eleitoral. Os núcleos familiares e relações de amizade são os primeiros a se romper em situações de polarização acirrada”, diz Broide. “Como o debate político não está no cotidiano das pessoas é comum que a posição ideológica de quem está ao nosso lado nos surpreenda e cause repulsa. A convivência com quem pensa diferente, na intimidade, é muito difícil”, afirma o psicanalista Jorge Broide.

    É raro encontrar alguém que não tenha uma história de desavença para contar. Na família da pesquisadora Beatrys Fernandes, de 26 anos, a discussão ganhou caráter religioso. De família mórmon, ela viu o pai e o tio brigarem de forma acalorada. “Um dizia que aquilo que um candidato defendia não estava nas escrituras. O outro afirmava que o que o candidato dizia não feria a religião deles”, diz.

    A socióloga S.F. (que pediu para não ter o nome publicado) afirma que se assustou com o comportamento de um amigo que “mandava memes defendendo a direita e querendo brigar durante a própria lua de mel”. “Na lua de mel!”, repetiu. 

    O especialista em relações internacionais Andrey Pereira Brito, de 28 anos, diz que uma amiga o convidou para ser padrinho de seu filho porque trocou xingamentos com o original por motivos eleitorais. “Ela não queria que a filha tivesse um padrinho que vota em determinado candidato.”

    Justiça

    A repulsa em relação ao posicionamento político do outro pode render mais do que uma cara feia. O advogado Felipe Mendonça, de 40 anos, atende a dois clientes que estão processando agressores virtuais. “Não pode tudo nas redes. Não pode racismo, não pode xenofobia. Tenho dois clientes que foram agredidos moralmente por demonstrarem apoio a determinado candidato”, afirma. 

    “Com as redes sociais, ampliou-se em nossa sociedade uma relação de troca de favores – quando você curte um post de alguém você está fomentando essa troca de favores. E se a outra pessoa não corresponde à sua visão de mundo, ao seu candidato, você reage com violência, como se tivesse sido traído”, observa o filósofo Roberto Romano, da Unicamp. 

    “O Brasil é um País com uma sociabilidade violenta. Nós sempre tivemos potencial para um tipo de discurso de ódio. Agora, nessa eleição, politizaram esse discurso”, diz a cientista política Esther Solano (Unifesp), organizadora do livro Ódio Como Política.

    Continua após a publicidade

    Alheio às teorias sobre política, o garçom Pedro Paulo Chicarelli, de 38 anos, afirma estar preparado para intervir em caso de descontrole. “Felizmente, ainda não precisei me meter”, diz. Mas, quando todo mundo vai embora, Chicarelli e outros garçons levantam as mesas, começam a recolher as garrafas e… “Vixeee, a briga aqui é séria.”

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.