Os cinco partidos do bloco conhecido como Centrão anunciarão oficialmente nesta quinta-feira o apoio das legendas à pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República pelo PSDB. O ato está previsto para as 10h em um hotel em Brasília.
Para justificar a adesão de PR, DEM, PP, SD e PRB à sua chapa, o tucano vai dizer que alianças não servem apenas para o fisiologismo, mas para “tirar o país do buraco”. Ele pretende citar o processo de redemocratização, o Plano Real e a Constituinte como exemplos de momentos históricos que só foram possíveis garças à formação de coalizões.
Após selar o acordo com o Centrão, Alckmin passou a ser alvo de adversários. A expectativa no entorno do ex-governador é que esse tema seja recorrente na campanha, mas a avaliação é que o tempo de TV conquistado compense o desgaste. Os tucanos acreditam ainda que o debate sobre fisiologismo tem alcance limitado e não tem potencial para a contaminar a campanha.
O discurso de hoje também deve ser marcado por um tom conciliador. O tucano vai pregar que não há mais “vermelho e azul” na política (numa referência às cores usadas por PT e PSDB) e que ninguém mais quer saber do passado, mas olhar para o futuro. Outro eixo do discurso será a economia. O pré-candidato deve dizer que as políticas sociais serão mantidas e ampliadas, e que a política de geração de emprego e renda será sua principal política social.
Manifesto
A campanha de Alckmin chancelou nesta quarta-feira, o texto de um manifesto elaborado pelo economista Roberto Giannetti da Fonseca que servirá como base programática da aliança.
Anunciado como um “compromisso” da coligação de partidos da “Força Centro-Democrática”, o texto diz que o sistema de metas de inflação e a autonomia operacional do Banco Central para fixar a taxa de juros e observar as livres oscilações do câmbio provaram ser eficientes. O manifesto promete ainda “ampliar e aprimorar” as políticas sociais existentes, inclusive transformando o programa Bolsa Família em “política de estado e não de governo”.
“O contraponto do programa Bolsa Família será o programa de geração de empregos, que proporcionará segurança e dignidade para os chefes de família por todo Brasil”, diz o texto. O documento também promete “combate implacável” ao crime organizado e aos crimes de violência urbana e rural.
Coordenador do programa de governo do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, o cientista político Luiz Felipe d’Avila disse que o documento já está praticamente pronto e que não haverá mudanças nas diretrizes devido ao apoio dos partidos do Centrão.
Vice
Até o momento sem uma resposta definitiva do empresário Josué Gomes (PR), o “casamento” ocorrerá sem a desejada definição do candidato a vice-presidente na chapa, que será indicado pelo bloco. Enfrentando a resistência da família, Josué ainda reluta, em uma demora que já irritou alguns dos líderes partidários do bloco. A indefinição de um “plano B”, no entanto, ainda mantém o empresário – que manifestou seu apoio pessoal a Alckmin em artigo publicado na quarta – entre as possibilidades.
Se Josué efetivamente não aceitar, já há um consenso entre os partidos: o desejo do pré-candidato do PSDB de ter o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) como vice não será atendido. Líderes do bloco, como o presidente do PRB, Marcos Pereira, já deixaram claro que não aceitarão que a vaga fique com o DEM, que já terá Rodrigo Maia (DEM-RJ) como candidato à reeleição para o comando da Câmara em fevereiro. Outro ponto é que, como ex-ministro do governo de Michel Temer, Mendonça poderia trazer parte da rejeição enfrentada pelo emedebista para o palanque.
O anúncio do pré-candidato a vice só deve ocorrer hoje se Josué Gomes decidir aceitar nas últimas horas antes do evento. Do contrário, os líderes trabalham com o prazo de 4 de agosto, quando a convenção nacional do PSDB vai confirmar a candidatura de Geraldo Alckmin.
Alternativas
Uma possibilidade, caso os cinco partidos não cheguem a um acordo, é oferecer mais de um nome ao tucano e permitir que ele escolha o que mais lhe agrade. Nos bastidores, o Solidariedade trabalha com a possibilidade de indicar o ex-deputado Aldo Rebelo, que era seu pré-candidato à Presidência, enquanto o PP voltou a lembrar do empresário Benjamin Steinbruch, dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Um dos nomes que foram lembrados nos últimos dias, o do empresário Flávio Rocha, já foi descartado. Depois de desistir de concorrer à Presidência pelo PRB, o ex-CEO da rede de lojas Riachuelo não pretende se engajar na campanha eleitoral.
Os partidos também vão discutir um novo coordenador político para a campanha, já que a disputa ferrenha entre PSDB e DEM em Goiás impede que Marconi Perillo, tucano e ex-governador do estado, siga no posto. Um dos mais cotados para assumir a posição é o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD).
Tempo de TV
Com a adesão do Centrão, Geraldo Alckmin, que já tinha o apoio do seu PSDB e de outros quatro partidos (PTB, PV, PPS e PSD), terá mais da metade de todo o tempo de televisão disponível. Somados, os dez partidos representam pouco mais de 51% de todo o tempo disponível, 62 minutos e 22 segundos por dia entre todas as inserções. A cada bloco de 12 minutos e 30 segundos, o programa de Alckmin terá 6 minutos e 50 segundos.
(Com Estadão Conteúdo)