A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou por unanimidade um requerimento do senador Angelo Coronel (PSD-BA) para convidar o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal, para prestar esclarecimentos sobre as conversas em que ele recebe orientações do ex-juiz Sergio Moro no âmbito da operação Lava Jato. A data da depoimento ainda será marcada.
Hoje ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, Moro vai ao Senado nesta quarta-feira para se explicar sobre os diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil em que ele conversa com Dallagnol sobre a operação. Em um dos trechos, o ex-juiz indica uma testemunha “aparentemente disposta” a falar sobre imóveis relacionados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os diálogos no aplicativo Telegram foram obtidos, segundo o site, por uma fonte anônima que compartilhou o material. De acordo com outras mensagens divulgadas, Moro também se queixou da apresentação de recursos que poderiam atrasar a execução de pena de um acusado, fez sugestões no cronograma de fases da operação e pediu que o MPF respondesse ao que chamou de “showzinho” da defesa de Lula.
Moro e Dallagnol argumentam que os diálogos foram obtidos de forma ilegal. O ex-juiz, entretanto, afirmou ter sido um “descuido” tratar da indicação de uma testemunha pelo aplicativo. “Eu recebi aquela informação, e aí sim, vamos dizer, foi até um descuido meu, apenas passei pelo aplicativo. Mas não tem nenhuma anormalidade nisso. Não havia uma ação penal sequer em curso. O que havia é: é possível que tenha um crime de lavagem e eu passei ao Ministério Público”, disse.