Casa de Bolsonaro vira comitê central de campanha
Político deu entrevistas e recebeu correligionários e amigos durante esta quinta-feira

Uma casa discreta, de dois andares, no fim de uma das sete ruas de um condomínio de 150 residências, virou sede do comitê de campanha de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, líder de todas as pesquisas de intenção de voto. Protegida por seguranças — pelo menos dois ficam de plantão na entrada do pequeno jardim — e policiais federais, a casa ficou bastante movimentada nesta quinta-feira (4). Desaconselhado pelos médicos a comparecer ao debate promovido pela TV Globo, o deputado federal, vítima de um atentado há 28 adias, recebeu o cantor Zezé Di Camargo, deu entrevistas para a TV Record e para uma rádio de Pernambuco e recebeu políticos, entre eles, três prefeitos do interior de São Paulo e o presidente do PSL, Gustavo Bebianno. O cirurgião Antônio Macedo disse, na quarta (3) que o candidato não deveria participar de qualquer atividade que o fizesse falar por mais de dez minutos.
Localizado em frente à praia, o condomínio onde também mora o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidenciável, é um dos mais antigos da Barra da Tijuca, bairro da zona oeste, e tem cerca de 50 anos. As antigas e pequenas casas duplex, típicas de cidades de veraneio, foram sendo ampliadas na medida em que a região passou a ser alvo das imobiliárias. Alguns poucos vizinhos estenderam em varandas e janelas faixas de apoio ao candidato à Presidência e a seu filho Flávio, deputado estadual que tenta uma vaga no Senado.
A parte externa do condomínio virou ponto de concentração de simpatizantes e local de vendas de camisetas alusivas ao capitão da reserva, oferecidas por um camelô que armou uma arara na calçada. Avesso a jornalistas, não quis conversar com VEJA — preferiu não interromper o ritmo intenso de trabalho: apenas um casal levou dez camisetas. Muitos motoristas buzinavam ao passar diante do local de moradia do deputado — passageiros de um carro gritaram o nome do ex-presidente Lula, mas a grande maioria demonstrava apoio ao candidato do PSL.

Dono de uma empresa que fabrica placas de publicidade em Ponte Nova (MG), André Luiz dos Santos, 57 anos, também ocupou um lugar na calçada diante do condomínio. Como que crucificado, ele estava com os braços abertos, presos por cordas a uma estrutura metálica emoldurada por fotos de Bolsonaro. Ele afirmou estar em greve de fome desde a véspera, um sacrifício pela recuperação de seu candidato à Presidência. A VEJA, disse que chegou a levar uma advertência bem-humorada de Flávio Bolsonaro. “Ele me disse que já tem um doente por aqui, o pai dele”, contou. Por volta das 17h, Santos afirmou que chegara de Minas às 6h e ainda não tinha decidido onde passaria a noite. Pai de três filhos — de 16, 19 e 22 anos —, ele disse que a vinda para o Rio não lhe gerou problemas domésticos. “Sou separado”, explicou.