Com auxílio do DEM, os diretórios estaduais do PSDB vão operar, até outubro, como “comitês regionais” da campanha presidencial de Geraldo Alckmin, com a função de coordenar e supervisionar o trabalho dos demais partidos que formam a coligação. O objetivo é formar uma “retaguarda” para garantir que o nome e a imagem do presidenciável circule nos Estados, minimizando os efeitos das chamadas “traições” regionais.
No Nordeste, em particular, a tática é vista como crucial para aumentar a popularidade de Alckmin. Na região, o PT tem força e o tucano alcança apenas 4% das intenções de votos, no melhor cenário.
Dono da coligação formada pelo maior número de partidos, Alckmin não tem visto sua chapa ser refletida nos Estados. O Centrão – bloco formado por DEM, PP, Solidariedade, PR e PRB – liberou seus diretórios para formar coligações locais conforme seus interesses. Por isso, em diversos Estados, sobretudo os nordestinos, líderes dessas siglas apoiam outros candidatos à Presidência.
No caso mais emblemático, no Piauí, o senador e candidato à reeleição Ciro Nogueira (PP) declarou voto no ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo tendo indicado a senadora Ana Amélia (PP-RS) para o posto de vice do tucano. Embora condenado e preso na Lava Jato, Lula foi registrado pelo PT como candidato ao Planalto.
No Maranhão, a situação é descrita como “terra arrasada” por correligionários. Os cinco partidos do Centrão apoiam a reeleição do atual governador, Flávio Dino (PCdoB). “Claro que eles não vão pedir voto para o Geraldo no palanque. O Centrão no Maranhão é vermelho. O tempo de TV que eles estão dando para Dino vai servir para ele pedir voto para o Lula e para o Ciro (Gomes, do PDT)”, disse o senador Roberto Rocha, presidente do PSDB-MA, que lançou candidatura ao governo para dar palanque a Alckmin no Estado. “Se não fosse por nós, Geraldo não teria nem um lugar para tomar um copo d’água aqui.”
Estratégia – Entre as demandas apresentadas a dirigentes do PSDB e do DEM em reunião na quarta-feira passada, em São Paulo, estão logística de distribuição de material de campanha, reuniões com líderes da coligação, carreatas, caminhadas e “adesivaços”.
Também devem ser feitas atividades com ou sem a presença de Alckmin e de Ana Amélia, além de agendas de mobilização para criar “um ambiente de campanha”, nas palavras do presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, que coordena a coligação do presidenciável tucano.
“Evitar a traição não dá, porque as traições são públicas. Está todo mundo tentando salvar sua própria pele. O objetivo é fazer a campanha de Geraldo acontecer em qualquer hipótese”, afirmou o deputado federal João Gualberto, presidente do PSDB da Bahia.
Segundo Gualberto, uma medida a ser adotada no Estado será a confecção de santinhos com Alckmin ao lado dos candidatos a deputado e a governador. O problema é que na Bahia, PP e PR comandam secretarias estaduais e apoiam a reeleição do governador Rui Costa (PT).
O deputado federal Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB minimizou a situação. “Poucos partidos são orgânicos no País”, disse Pestana. Para ele, “com o crescimento do Alckmin após o início do programa na TV, será criada uma a expectativa de poder e, naturalmente, haverá um alinhamento” entre as legendas.
(Com Estadão Conteúdo)