Por 193 votos a 175, a oposição conseguiu adiar nesta quarta-feira a votação do projeto que anistiaria o cidadão que fez remessas ilegais de dinheiro ao exterior, mesmo que resultante de caixa dois e de crimes como lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ao bancar a proposta de repatriação de valores não declarados, o governo havia recorrido a uma tentativa desesperada de engordar o caixa em meio à crise econômica, mas mudanças no texto promovidas pela Câmara incluíram entre os anistiáveis, por exemplo, aqueles que cometeram crimes de associação criminosa, descaminho e caixa dois.
Deputados da oposição comemoraram o adiamento como uma derrota do governo. Mas, segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), houve um acordo com o relator do projeto, Manoel Junior (PMDN-PB), para que no texto fosse revista a relação de crimes pelos quais os contribuintes não poderiam ser penalizados quando regularizassem dinheiro remetido ao exterior. Agora, o tema deverá ser apreciado em Plenário na terça-feira.
A sessão foi marcada por um protesto da deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ). filha do ex-governador Anthony Garotinho, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado por possuir contas secretas na Suíça. “Cunha quer trazer o dinheiro sujo da Suíça. Diga não”, dizia um cartaz empunhado por ela.