O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) visitou o colégio militar de Manaus em que alunos gravaram um vídeo para convidá-lo para uma festa de formatura. Em seu perfil no Facebook, o parlamentar, pré-candidato à Presidência da República, disse que a manifestação dos jovens foi espontânea. A Polícia Militar do Amazonas e a Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc) investigam se os jovens foram coagidos pelos policiais que administram a escola.
Bolsonaro diz no vídeo que o Colégio Estadual Professor Waldocke Fricke de Lyra era o pior do Amazonas, mas passou a ser o quarto melhor colocado após a chegada da PM. O deputado voltou a afirmar que a instituição é “um exemplo de ensino” a ser adotado para as escolas públicas do Brasil.
Na filmagem, Bolsonaro posa para fotos com os alunos e ouve gritos de “mito”. Segundo um dos policiais da direção escolar, os estudantes estavam de férias e resolveram ir ao colégio, acompanhados de seus pais, para prestigiar o deputado. Depoimentos elogiosos ao político e à PM completam o vídeo. “Pelas imagens abaixo, alguém pode duvidar da espontaneidade do convite?”, indagou Bolsonaro.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Amazonas repudiou a gravação do primeiro vídeo, em que os alunos, perfilados na quadra, repetem aos gritos os elogios que policiais militares fazem a Bolsonaro. O presidente da instituição, Marco Aurélio de Lima Choy, disse que houve coação na filmagem.
Choy afirmou que a preocupação da OAB não diz respeito ao teor da homenagem dos alunos. “O Bolsonaro é uma figura polêmica, mas todos são livres. Vivemos numa democracia e cada um escolhe quem quer homenagear. Nós não podemos permitir que a hierarquia e a disciplina da educação militar sejam usadas para constranger acadêmicos e estudantes”, disse. “A coação aos adolescentes é perceptível no vídeo.”
Bolsonaro, defensor do projeto Escola sem Partido, que pretende combater as “doutrinações ideológicas” em salas de aula, anunciou recentemente que o PEN abrigará sua pré-candidatura à Presidência da República nas eleições de 2018. Ele figurou na segunda posição da última pesquisa Datafolha, de junho, com 16% das intenções de voto. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o primeiro colocado, com 30%.