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Bolsonaro fala em fraude para tirar foco da economia, diz ministro do STF

Segundo ele, presidente tentou também turbinar manifestações de 15 de março

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 mar 2020, 13h55 - Publicado em 10 mar 2020, 13h52

A acusação feita pelo presidente Jair Bolsonaro — de que as eleições de 2018 foram fraudadas para que ele não vencesse já no primeiro turno — é uma tentativa ‘irresponsável’ de desviar o foco dos resultados ruins que o país está colhendo na economia. A análise é de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu anonimato. “O problema é que a economia está fazendo água. Até o Michel Temer, que era um presidente temporário e governou no meio de um escândalo de corrupção, conseguiu colocar um PIB maior que o de 2019”, afirmou o ministro.

O vídeo — em que o presidente falava a apoiadores em Miami, nos Estados Unidos — deixou os ministros do STF chocados, e aparentemente sem ação, em um primeiro momento. Todos concordaram em não se manifestar para que a resposta fosse dada pela ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância máxima responsável pelo processo eleitoral no país. Segundo um deles, é preciso ter a responsabilidade de não jogar mais gasolina na fogueira e aumentar a polarização em um momento de provável crise econômica mundial.

Outra avaliação entre os ministros é que Bolsonaro apelou para uma suposta fraude eleitoral na tentativa de turbinar as manifestações de 15 de março, que estavam enfraquecendo. “Ele está tentando desesperadamente encontrar uma narrativa para manter os eleitores mobilizados. Como não tem o que mostrar na economia, fica o tempo todo criando crises e se vitimizando, como se fosse perseguido”, disse um segundo ministro também do STF. “Veja que o presidente passa a maior parte do vídeo falando sobre as agruras da campanha, mas não fala das providências do governo”, finalizou.

De acordo com o mesmo ministro, o procurador-geral da República deve abrir uma investigação imediatamente. “É preciso investigar e esclarecer à sociedade o que, de fato, ocorreu. Se for verdade, é necessário descobrir o que aconteceu, como aconteceu e quem cometeu o crime. Se for mentira, o presidente precisa ser responsabilizado, porque não se pode sair difamando as instituições do país dessa forma. A sociedade brasileira não pode ser feita de boba”, afirmou o ministro.

A avaliação geral, dentro do Supremo e do TSE, é de que não há possibilidade de ter havido fraude eleitoral. “Que fraude foi essa que permitiu que um candidato que saiu do nada elegesse a maior bancada da Câmara? Que fraude foi essa que permitiu que esse mesmo candidato se elegesse no segundo turno? A sociedade não é ingênua e vai se lembrar que, à exceção do Fernando Henrique Cardoso, ninguém escapou do segundo turno. Até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a popularidade que tinha, submeteu-se ao segundo turno por duas vezes. Sinceramente, temos de assumir que Bolsonaro não sabe governar e não estava preparado para assumir um cargo com as responsabilidades e pressões de presidente da República”, afirma ministro do STF.

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Durante o discurso feito na segunda-feira à noite, Bolsonaro afirmou ter provas de que a última eleição para presidente, da qual saiu vencedor, foi fraudada. “Eu acredito pelas provas que tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente. Eu fui eleito em primeiro turno, mas no meu entender houve fraude. Nós temos não apenas uma palavra… Nós temos comprovado, brevemente eu quero mostrar, porque nós precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes“, disse, sem ainda apresentar os documentos.

Bolsonaro foi eleito no segundo turno com 55% dos votos válidos, enquanto seu adversário, Fernando Haddad (PT), teve quase 45%.

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