Bolsonaro diz que exagerou sobre atos do dia 15: ‘Inocentes, não idiotas’
Presidente diz que 'maioria foi usada' em atos pela educação; quanto aos deste domingo, afirma que vieram 'do coração do povo'
Na noite deste domingo 26, após um dia marcado por atos em apoio ao seu governo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar protestos ocorridos em 15 de maio, contra as políticas educacionais de seu mandato. Em entrevista para o programa Domingo Espetacular, da TV Record, Bolsonaro se retratou por ter chamado os manifestantes de “idiotas úteis” na ocasião, mas disse que seria mais correto classificá-los como “inocentes úteis” e que a maioria deles eram jovens que “não sabiam o que estavam fazendo” e participaram de um “protesto político por influência de professores inescrupulosos”. O presidente voltou a dizer que não houve corte na Educação, mas sim contingenciamentos.
“Eu exagerei, concordo que exagerei (ao chamar manifestantes de ‘idiotas úteis’). O que diz o certo é que são ‘inocentes úteis’. A grande maioria são garotos, são inocentes e nem sabiam o que estavam fazendo lá. Na teoria gramscista usa-se a inocência das pessoas para atingir o objetivo. Uma vez atingido, as primeiras vítimas são exatamente essas pessoas”, declarou Bolsonaro.
“A garotada foi na rua contra cortes na Educação, mas não houve corte. É um contingenciamento, eu deixei de gastar e não tirei o dinheiro do banco… segurei aproximadamente 3,6% do montante, que seria 30% de 12% das despesas discricionárias. A garotada foi usada por professores inescrupulosos para fazer uma manifestação política contra o governo. Nós sabemos que a juventude tem um peso muito grande nessa manifestações, mas, me desculpe, foram usados por esses professores que não têm o compromisso de fazer com que esse jovens sejam lá na frente bons profissionais, bons empregados ou bons patrões”, completou o presidente.
‘Pacto’ entre os poderes
Na mesma entrevista, Bolsonaro declarou que vai propor um “pacto” com os líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. Após episódios recentes de desgaste, ele disse que planeja se reunir, ao longo da semana, com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, e José Antonio Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Vou falar com ele (Rodrigo Maia) durante a semana novamente, como falarei com o Davi Alcolumbre e o Dias Toffoli para que a gente tenha um pacto entre nós para botar o Brasil no destino que essa população maravilhosa quer”, disse o presidente, que considera ser necessário “conversar um pouco mais” com os três.
“Não estamos em litígio (ele e os líderes dos outros poderes), estamos em harmonia, mas falta a gente precisa conversar um pouco mais e acho que a culpa é minha também”, avaliou. O Congresso e o Supremo foram alvos de críticas de parte dos manifestantes que foram às ruas apoiar Bolsonaro neste domingo.
Sobre as manifestações, o presidente disse que os atos “vieram do coração do povo” e que foram realizadas por “um povo ordeiro que veio cobrar que nós trabalharemos”.
“Não considero protestos, considero uma manifestação espontânea, onde não teve ninguém protagonizando. Veio do coração do povo, se manifestar em prol de uma pauta definida. Número de carros queimados: zero; de carros depredados: zero; boletins de ocorrência: zero, que eu saiba. Ou seja: um povo ordeiro que veio cobrar que nós trabalhemos e coloquemos em pauta matérias que interessam para o futuro do Brasil”, analisou Bolsonaro.