O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) voltou a falar nesta terça-feira, 18, sobre rever a reserva indígena Raposa Serra do Sol, que ocupa 1,7 milhão de hectares em Roraima e abriga cerca de 17.000 indígenas de cinco etnias. Ao contrário de sua fala na segunda-feira 17, contudo, Bolsonaro citou o Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a demarcação da reserva em 2009, e afirmou esperar que o STF “acorde” e “ajude” na “exploração racional” de reservas indígenas.
“Sabemos da dificuldade de você rever essas reservas. Já foram homologadas, sabemos disso, mas existe o Supremo Tribunal Federal, quem sabe um dia o Supremo acorde pra isso e nos ajude aí a fazer com que essas reservas venham a ser exploradas com racionalidade, obviamente, em benefício do povo indígena”, afirmou Bolsonaro em uma transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook.
No pronunciamento, ele ressaltou seu mantra de que “o índio quer se integrar à sociedade”.
Na segunda, o presidente eleito havia classificado o território de Raposa Serra do Sol como “área mais rica do mundo”. “Você tem como explorar de forma racional, e no lado dos índios dando royalties e integrando o índio à sociedade”, declarou.
Bolsonaro disse algumas vezes durante a campanha eleitoral, e antes mesmo de ser candidato ao Palácio do Planalto, que se vencesse o pleito não haveria a demarcação de sequer “um centímetro” de terras indígenas em seu governo.
Na segunda, após a primeira declaração de Bolsonaro sobre Raposa Serra do Sol, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) publicou um texto em que afirma que a reserva “é um direito originário e constitucional dos povos indígenas de Roraima e do Brasil, consagrado na Constituição Federal Brasileira de 1988”.
“É retrógrado achar que indígena em sua terra demarcada, não é integrado à sociedade. Pelo contrário, será indígena em qualquer contexto social, cultural e político do país”, diz a entidade.
Bolsonaro parabeniza Temer por Battisti
Ainda na transmissão ao vivo no Facebook, o presidente eleito deu “parabéns ao presidente Temer” pelo decreto que determinou a extradição do ex-militante de esquerda Cesare Battisti para a Itália. Jair Bolsonaro já havia deixado claro que iria rever o asilo concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Battisti em 2010 e o extraditaria. O italiano foi condenado à prisão perpétua no país europeu pelos assassinatos de quatro pessoas na década de 70.
“É um terrorista que integrou o PAC, Proletários Armados pelo Comunismo, vinculado à Brigada Vermelha da Itália, e ele assassinou quatro cidadãos italianos, foi julgado e condenado, conseguiu fugir, foi pra França, a situação não ficou boa lá e veio para o Brasil”, afirmou Bolsonaro.
O presidente eleito ainda comentou o fato de Cesare Battisti estar foragido da Polícia Federal após o ministro do STF Luiz Fux determinar sua prisão. “Está com algum companheiro ou fora do Brasil”, disse.