O presidente Jair Bolsonaro confirmou, em live na rede social na noite desta quinta-feira, 1º, que vai indicar o desembargador Kassio Nunes Marques, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, que será aberta com a aposentadoria de Celso de Mello no dia 13 de outubro.
“Sai publicado no Diário Oficial amanhã”, disse. Ele afirmou que tinha “uns dez currículos” em mãos, mas optou por Nunes “Tinha alguns excelentes currículos, mas gente com quem nunca tinha conversado. Não vou apostar numa pessoa só com currículo, tem que ter algum contato a mais comigo ao longo do tempo”, afirmou.
O presidente defendeu a sua escolha diante da reação negativa de apoiadores de direita, que vem criticando a opção nas redes sociais desde que o nome passou a ser ventilado – também foram postados muitos comentários negativos durante a live. “Acusam de comunista, socialista, ligado ao PT. Todo mundo aqui já teve alguma ligação”, disse. Nunes foi indicado ao TRF1 pela ex-presidente Dilma Rousseff e é próximo do governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Bolsonaro também minimizou o fato de Nunes ter votado para liberar a compra de lagostas para os ministros em uma polêmica licitação aberta pelo STF. “Vão desqualificar o desembargador só porque ele deu uma liminar para retornar o cardápio do Supremo. Se um juiz de primeira instância diz que não pode lagosta, o outro pode dizer que não vale batata frita. O outro, que é vegetariano, quer acabar com a carne vermelha no Supremo Tribunal Federal. Eu não vou criticar o Supremo por causa disso. Se bem que não tem nada de mais comer lagosta, qual é o problema em comer lagosta? Quem pode, pode. Quem não pode não pode”, disse.
Outro episódio que ele minimizou foi o posicionamento de Nunes pela não extradição do terrorista italiano Cesare Battisti, que era pedida pela Itália. “Sobre o Battisti, precisa ver o que aconteceu, qual foi a participação dele nesse caso. E quem decidiu que o Battisti ia ficar no Brasil foi o STF”, afirmou.
“Vão desqualificar o desembargador só porque ele deu uma liminar para retornar o cardápio do Supremo. Se um juiz de primeira instância diz que não pode lagosta, o outro pode dizer que não vale batata frita. O outro, que é vegetariano, quer acabar com a carne vermelha no Supremo Tribunal Federal. Eu não vou criticar o Supremo por causa disso. Se bem que não tem nada de mais comer lagosta, qual é o problema em comer lagosta? Quem pode, pode. Quem não pode não pode”
Ele também rebateu as acusações de apoiadores de que Nunes seria desarmamentista. “Não tem nada a ver. Tenho conversado com ele, conheço ele já há algum tempo, já tomou muita tubaína comigo. Ele católico, é família, tenho certeza que vocês vão gostar do trabalho dele no Supremo”, disse. Bolsonaro também disse que a responsabilidade de aprovar o nome é do Congresso, não dele. “Quem indica não sou eu, é o Senado Federal”.
Moro
O presidente aproveitou também para estocar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que era favorito a uma vaga no STF e agora é seu desafeto. “No ano passado todo, até mais ou menos abril deste ano, vocês queriam o Sergio Moro para o Supremo, não é isso? Vocês não queriam o Sergio Moro para o Supremo? Me ameaçaram o tempo todo: ‘se não for o Sergio Moro, acabou, acabou!. Agora, vocês querem que eu troque o Kassio pelo Sergio Moro. E daí, quer que eu façam o quê? Respondam aí. Será que ele (Moro) vai ser leal às nossas causas? Será que ele vai ser aprovado no Senado?”, ironizou.
“Vocês queriam o Sergio Moro para o Supremo, não é isso? Me ameaçaram o tempo todo: ‘se não for o Sergio Moro, acabou, acabou!. Agora, vocês querem que eu troque o Kassio pelo Sergio Moro. Será que ele vai ser leal às nossas causas? Será que ele vai ser aprovado no Senado?”
Evangélicos
Bolsonaro também prometeu que a indicação para a segunda vaga que será aberta em 2021, com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, será de alguém “terrivelmente evangélico”, como havia prometido. “No ano que vem, o primeiro requisito é ter que ser evangélico. Segundo, tem que tomar tubaína comigo. Não adianta vir com currículo comigo, currículo maravilhoso, dez, mas se eu não conhecer, não vou indicar. O meu compromisso é com um evangélico”, disse.
Ele afirmou também que, além de ser evangélico, o próximo ministro terá que ajudar a construir vitórias dentro do Supremo, não apenas marcar posição. “Tem que ter conhecimento de causa, tem que transitar por Brasília, tem que conhecer gente do Supremo, conhecer o Parlamento. Não quero colocar uma pessoa lá para votar às cegas e perder de 10 a 1 tudo. Eu quero que essa pessoa vote de acordo com as suas convicções, com os interesses dos conservadores, mas que também busque ganhar alguma coisa lá”, declarou.